"Estamos preocupados porque a coloração acastanhada das águas que se verifica no Tejo, quer junto ao açude, quer a montante, na zona da Marambana (Alvega) já decorre desde meados de dezembro e, se a determinada altura associei a questão às grandes chuvadas causadas pela passagem da depressão Elsa no território nacional, hoje o problema ainda se mantém o que me parece indiciar outro tipo de poluição", disse à Lusa o presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos (PS), tendo acrescentado ter acreditado que até ao final do ano 2019 a cor do Tejo estaria relacionada com a "sujidade natural".
Com o "prolongamento no tempo" da situação a indicar algo mais do que um problema pontual, o autarca daquele município do distrito de Santarém entendeu estarem em causa "indícios de focos de poluição que poderiam ter origem em descargas ilegais", tendo alertado no início do ano os responsáveis da APA para o que se estaria a passar.
Segundo o autarca, as autoridades "já estiveram no terreno" a recolher amostras da água e de "alguma espuma" que se forma no local para determinar os motivos da coloração acastanhada das águas do rio, tendo reiterado que o Tejo e a defesa da qualidade ambiental são elementos fundamentais do trabalho político desenvolvido pela autarquia.
Questionada pela Lusa, a APA disse hoje que "tem efetuado a monitorização" do rio Tejo, indicando que "a turvação verificada resulta dos sólidos em suspensão na água provenientes da escorrência superficial dos solos resultantes das chuvas intensas registadas em dezembro".
Uma situação que, sublinha, "é frequente, agravando-se em situações de elevada pluviosidade" e que "é também verificada visualmente noutras massas de água".
Questionada sobre as diligências efetuadas, a APA, através da Administração Regional Hidrográfica do Tejo e Oeste (ARHTO), disse ter procedido à recolha de amostras de água junto ao açude de Abrantes no passado dia 06 e hoje nos pontos de amostragem de Perais, Vila Velha de Ródão, Fratel, Belver, Açude de Abrantes, e Constância, dando conta de "não ter sido registada qualquer situação de incumprimento".
A APA diz ainda que os novos cinco vigilantes da natureza já se encontram ao serviço da Agência, na ARHTO, tendo estado em formação até dezembro de 2019, elementos que executam, também com a colaboração com os restantes vigilantes da natureza daquela Administração de Região Hidrográfica, o seu plano de monitorização e fiscalização.
O BE também questionou hoje o ministro do Ambiente e da Ação Climática sobre "se tem conhecimento desta nova vaga de poluição no rio Tejo, com particular incidência no concelho de Abrantes" e, "tendo em conta os dados disponíveis na rede de vigilância instalada no já referido troço do rio Tejo - seja através de sondas, estações de monitorização e recolhas de amostras manuais e localizadas - quais as fontes poluidoras identificadas".
Os deputados Fabíola Cardoso, Maria Manuel Rola e Nelson Peralta questionam ainda "quais os resultados das análises recolhidas" e "quais as causas da constante variabilidade do caudal do rio Tejo".