"Rui Pinto não tinha a noção do que tinha em seu poder", diz advogado

Francisco Teixeira da Mota nega que a divulgação de que Rui Pinto é o denunciante do Luanda Leaks faz parte da estratégia de defesa.

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Fábio Nunes
27/01/2020 11:26 ‧ 27/01/2020 por Fábio Nunes

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Luanda Leaks

Um dos advogados de Rui Pinto, Francisco Teixeira da Mota, afirmou à RTP que Rui Pinto "não tinha a noção exata do que tinha em seu poder", referindo-se à confirmação de que o hacker foi o denunciante do Luanda Leaks e que foi ele que entregou um disco rígido com mais de 715 mil ficheiros fundamentais para a investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ). 

"Quando entregou este disco rígido, Rui Pinto não tinha esta informação toda. A informação já estaria lá em grande parte, mas ao longo de um ano este consórcio de jornalistas teve de trabalhar esta informação. Os jornalistas recolheram informação própria, trabalharam os dados, foram a Luanda, falaram com a procuradoria. Isto foi um trabalho que levou um ano e tal e estava completamente fora do controlo de Rui Pinto", sublinhou Teixeira da Mota. 

"Já era a sua intenção, quando isto fosse divulgado, assumir que tinha entregue estes dados", acrescentou o advogado. 

Teixeira da Mota nega que o comunicado divulgado pelo outro advogado de Rui Pinto, William Bourdon, esta segunda-feira, e no qual é confirmado o papel de Rui Pinto como único denunciante no Luanda Leaks, faça parte da estratégia de defesa do hacker. 

"Isso não faz sentido. Isto tanto podia ter saído há três meses como daqui a três meses. Que, para a defesa, representa de alguma forma uma confirmação pública do mérito do trabalho de Rui Pinto não temos qualquer dúvida, mas que o timing em que isto é publicado faça parte da estratégia da defesa não faz qualquer sentido. Isso foi completamente decidido pelo consórcio de jornalistas", afiançou Teixeira da Mota.

O advogado admitiu ainda assim que a confirmação de que Rui Pinto é o denunciante do Luanda Leaks não vai ser, pelo menos, prejudicial. "Não pode ser mais prejudicial porque dada a forma como o sistema judicial o tem tratado não há muitos mais prejuízos que lhe possam fazer". 

À RTP, Teixeira da Mota fez ainda uma revelação. 

"Rui Pinto tem cerca de dez discos rígidos que estão na posse da PJ e das autoridades francesas e belgas. Estão encriptados. Até este momento as autoridades portuguesas só pediram para desencriptar esses discos para o poderem acusar de mais crimes, não para utilizarem a informação que pudesse lá estar. Esta foi a única colaboração solicitada", frisou. 

A defesa de Rui Pinto referiu ainda que o hacker tem "receio de retaliações" e que para "muitas pessoas em Angola, mas também cá, Rui Pinto não deixa de ser um herói, independentemente de poder ter praticado factos mais ou menos lícitos". 

Ana Gomes já tinha reagido à confirmação de que Rui Pinto era o whistleblower do Luanda Leaks e criticou os "dois pesos e duas medidas" da justiça portuguesa.

[Notícia atualizada às 11h59]

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