Como já era esperado, um dos assuntos analisados, esta segunda-feira, por Miguel Sousa Tavares no seu espaço de comentário semanal no Jornal das 8, da TVI, foi a confirmação de que o hacker português Rui Pinto é a única fonte da fuga de informação sobre Isabel dos Santos, no processo Luanda Leaks.
Perante este facto, o comentador do canal de Queluz defende que Rui Pinto não devia ser considerado criminoso, devia sim ser condecorado.
"O Rui Pinto devia estar a dirigir investigações na Polícia Judiciária e, provavelmente, a ser condecorado no 10 de junho e nós trata-mo-lo como um criminoso", atira.
Miguel Sousa Tavares diz que não consegue perceber como é que "há tantos criminosos à solta em Portugal por crimes graves" e Rui Pinto está há um ano em prisão preventiva por um crime "ao qual cabe a pena máxima de cinco anos".
Antes de terminar a sua análise sobre este assunto, o ex-jornalista admite que tem pensado "muitíssimo" sobre este caso e sobre se a forma como estas informações foram obtidas deviam ser consideradas crime, porque, confessa, ele próprio já fez reportagens baseadas em informações obtidas ilicitamente.
"Eu tive dois exemplos na minha vida enquanto jornalista em que usei, para reportagens de trabalhos meus, material que eu sabia que tinha sido sonegado através de violação de correspondência que era privada e que me foi entregue. Num deles tratava-se de um contrato entre o Estado e uma empresa pública, que violava o interesse público e o outro, graças aos documentos ilícitos que me deram, consegui deitar por terra uma urbanização que ia ser feita na costa alentejana à custa de corrupção autarca. E eu ponderei se tinha o direito de o fazer e tinha porque o interesse público era superior ao resto", conclui.
Recorde-se que Rui Pinto é o denunciante do Luanda Leaks e está envolvido na fuga de informação dos mais de 715 mil ficheiros que deram origem à investigação liderada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ).
O Luanda Leaks revelou como Isabel dos Santos acumulou uma fortuna de mais de 1,8 mil milhões de euros ao longo de vários anos e, principalmente, durante o período em que o seu pai, José Eduardo dos Santos, foi presidente de Angola.
Rui Pinto está preso preventivamente. O hacker está acusado de 90 crimes em Portugal, entre os quais fraude informática e tentativa de extorsão, na sequência do caso Football Leaks.