O Governo português anunciou na segunda-feira a intenção de retirar por via aérea os portugueses retidos em Wuhan, a cidade no centro da China que é o epicentro do surto do novo coronavírus e que se encontra em isolamento total, ou seja, ninguém podem entrar ou sair.
Ainda não há informações sobre em que fase está este processo de retirada - que deverá envolver as autoridades governamentais, de Saúde, e embaixadas de ambos os países -, mas a diretora-geral da Saúde garante que os cidadãos portugueses "estão bem" e serão tratados como qualquer outro paciente, embora com protocolos, por precaução.
Graça Freitas esclareceu, porém, em entrevista aos jornalistas, que as pessoas "infetadas em período de incubação, sem sintomas, podem contagiar". "Tudo indica que este vírus pode contagiar" mesmo numa fase assintomática, ou seja, quando o doente está em período de incubação (que neste vírus é de 14 dias), afirmou.
"Para isso, é preciso estarem infetadas", disse. "É preciso terem estado em contacto com doentes, com hospitais ou com animais vivos", continou a responsável, explicando que "o risco não igual em toda a China ou em toda a cidade" de Wuhan.
Um grande indicador do tipo de vigilância a que será submetido cada passageiro que chegar a Portugal, para além do inquérito epidemiológico, será "a vida [do cidadão] nos últimos 14 dias". Depois de despistada a história clínica, será inquiridos sobre as pessoas com quem mantiveram contacto e onde.
"Dependendo do risco inicial, será feita vigilância passiva ou vigilância ativa", explicou Graça Freitas. Uma vigilância ativa deverá acontecer numa instituição de saúde, ao passo que uma vigilância passiva baseia-se no isolamento social voluntário. "As pessoas são enviadas para suas casas, podemos pedir-lhes que fiquem em isolamento nos seus quartos, podemos telefonar-lhes durante o dia várias vezes... tudo isto depende do risco inicial".
Portugal já fez acionar os dispositivos de saúde pública devido ao coronavírus proveniente da China e tem em alerta o Hospital de São João, no Porto, o Curry Cabral e Estefânia, em Lisboa.
Em Portugal foram ativados os protocolos estabelecidos para situações do género, reforçando no Serviço Nacional de Saúde a linha Saúde 24, através do número 800 242 424, e a linha de apoio médico, para triagem e evitar que em caso de eventual contágio as pessoas não encham os centros de saúde e as urgências dos hospitais.