Passado cerca de uma hora após os cidadãos portugueses repatriados da China terem chegado a Portugal no avião militar C-130 da Força Aérea, a ministra da Saúde, Marta Temido, informou que os recém-chegados irão ser transportados para o Hospital Pulido Valente, em Lisboa, para serem submetidos a análises para despiste do coronavírus.
Numa conferência de imprensa em direto para as televisões nacionais, a governante, ladeada por outros responsáveis políticos e sanitários, deu as boas-vindas aos portugueses e começou por garantir que tudo será feito para que "a tranquilidade volte" à vidas destes cidadãos e "dos seus familiares, no mais curto prazo possível".
"Neste momento, como é perceptível, decorre ainda no Aeroporto Figo Maduro uma avaliação individual dos repatriados pela equipa da Sanidade Internacional coordenada pela Direção-Geral da Saúde", adiantou.
Se durante esta primeira fase for identificado algum caso de infeção pelo coronavírus, a ministra referiu que este será discutido via telefone com o médico e a linha de apoio da tutela. Se o caso for validado será ativado o protocolo de transporte para o Hospital Curry Cabral, em Lisboa.
Contudo, se não for detetado nenhum caso, os 20 portugueses - 18 cidadãos e dois diplomatas da embaixada de Portugal em Pequim que acompanharam a operação - serão transportados para o Hospital Pulido Valente, onde serão submetidos a análises para que haja confirmação. Este processo deverá estar concluído nas próximas horas.
As análises serão feitas pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.
Isolamento de 14 dias
"Por razões de segurança para os próprios e para toda a comunidade, durante os próximos 14 dias, todo o grupo ficará em isolamento profilático", revelou também Marta Temido, esclarecendo que este processo de isolamento foi aceite voluntariamente pelos portugueses em causa.
Os recém-chegados irão ficar acomodados durante este período em quartos individuais, havendo 13 quartos preparados no Hospital Pulido Valente e 10 no Parque da Saúde de Lisboa.
"Ao longo dos próximos 14 dias, o seguimento do grupo manter-se-á com vigilância ativa duas vezes ao dia por visita da equipa de Sanidade Internacional e vigilância passiva via centro de contacto do Serviço Nacional de Saúde e linha de atendimento ao médico", detalhou a governante avisando que não estão previstas visitas aos portugueses em quarentena, mesmo que controladas.
Durante cerca de duas semanas, Marta Temido garante que será divulgado, todos os dias, pela Direção-Geral da Saúde "um boletim de clínico sobre a evolução geral do grupo" e será realizada uma conferência de imprensa diária para esclarecer todos os portugueses.
Recordando que esta operação foi "complexa" e que já estava a ser preparada "há vários dias", Marta Temido agradeceu a todos os profissionais envolvidos na mesma.
No avião de transporte C-130 da Força Aérea Portuguesa, as pessoas que decidiram sair de Wuhan, epicentro do contágio do coronavírus, foram acompanhadas por oito tripulantes e oito profissionais de saúde, incluindo uma equipa de sanidade internacional.
Vítimas mortais na China continuam a aumentar
A China elevou hoje para 304 mortos e mais de 14 mil infetados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado em dezembro, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro).
As Filipinas anunciaram também hoje a morte de um cidadão de nacionalidade chinesa, a primeira vítima fatal fora da China. Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há casos de infeção confirmados em 24 outros países.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, na quinta-feira, uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional (PHEIC, na sigla inglesa) por causa do surto.