Um cidadão belga infetado com o novo coronavírus viajou com os portugueses repatriados da China, no domingo, no avião que aterrou em Marselha e que transportou centenas de pessoas.
De acordo com as autoridades da Bélgica, o paciente foi repatriado da cidade chinesa de Wuhan, foco do surto, que já matou 427 pessoas, no único voo que se realizou no domingo, dentro deste âmbito, ou seja, no mesmo em que viajaram os 20 cidadãos portugueses.
O site francês RFI diz mesmo que o cidadão belga, cuja identidade não foi revelada, "foi uma das centenas de europeus repatriados da cidade chinesa de Wuhan, via França".
"O grupo estava a bordo de um voo de 254 pessoas de 30 nacionalidades europeias, que viviam em ou ao redor de Wuhan, e que retornaram à Europa, via França, no domingo", lê-se no mesmo site.
O voo em que viajaram os portugueses e o belga infetado, operado pelo A380, foi o único que, no domingo, repatriou europeus, que moram na China, para os seus países de origem. O primeiro voo de repatriamento realizou-se no dia anterior.
"É improvável que haja outras pessoas infetadas"
Na conferência de imprensa dada na manhã desta terça-feira, onde a ministra da Saúde belga, Maggie De Block, anunciou que o coronavírus tinha chegado à Bélgica, falou também um médico especialista, tornado, entretanto, presidente do comité científico do coronavírus - criado especialmente para lidar com a disseminação do vírus no país.
Aos jornalistas presentes, Steven Van Gucht garantiu que este paciente belga "teve muito pouco contacto com outras pessoas, por isso é improvável que haja outras pessoas infetadas".
Contudo, a possibilidade de transmissão entre passageiros, embora baixa, não pode ser totalmente excluída. O protocolo prevê vários testes regulares e contínuos para os próximos dias, em particular para verificar se nenhum outro passageiro foi infectado, tanto na Bélgica, como em Portugal.
Saliente-se que, até agora, nenhum cidadão repatriado para Portugal apresenta sintomas de ter sido contagiado pelo coronavírus e todos os testes feitos deram negativo.
Teste negativo para os restantes belgas
O paciente belga infetado com o novo coronavírus, segundo a ministra da Saúde belga, Maggie De Block, está de boa saúde e não mostra qualquer sintoma da doença. No entanto, quando submetido a dois testes de diagnóstico, o resultado foi positivo em ambos.
Na mesma conferência de imprensa, Maggie De Block disse que as análises efetuadas aos outros oito cidadãos belgas e três familiares, que viajaram com o paciente infetado, deram negativo. "Apenas um dos belgas repatriados está infetado, todos os outros foram têm testes negativos", aasegurou a governante, acrescentando que nenhum dos belgas em quarentena entrou em pânico com esta notícia.
Ainda segundo a ministra belga da Saúde "até ontem [segunda-feira], todos os pacientes estavam em salas separadas porque não se sabia se alguém teria o teste com resultado positivo. A pessoa infetada ficou em quarentena e as outras podem ficar agora juntas”.
Presidente Marcelo alerta que "ninguém está preservado"
O Presidente Marcelo congratulou-se, esta terça-feira, por Portugal não ter "até agora" casos de infeção com o novo coronavírus, mas realçou que "ninguém está preservado" com a atual circulação de pessoas e admitiu efeitos na economia global.
Questionado sobre se considera que as autoridades portuguesas estão a fazer tudo o que é possível para prevenir a propagação deste vírus, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: "Há uma conjugação de fatores objetivos e subjetivos. Até agora, temos estado preservados de notícias menos boas nessa matéria, mas ninguém está preservado sempre, com a circulação que há no mundo, com a mobilidade que há no mundo".
[Notícia atualizada às 17h40]
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