Em resposta enviada à agência Lusa, o CSM indica que já tem em curso "um procedimento de averiguações preliminares sobre os factos noticiados e, mais especificamente, sobre a regularidade dos procedimentos de distribuição no Tribunal da Relação de Lisboa" (TRL).
O CSM reitera, que, como em todos os procedimentos, "caso se apurem quaisquer irregularidades, estas serão totalmente investigadas até às últimas consequências" e que os primeiros resultados das averiguações serão apreciados no próximo plenário do Conselho, marcado para 3 de março.
Na quinta-feira foi noticiado que havia suspeitas de ter havido viciação do sistema eletrónico de distribuição de alguns processos no tribunal da Relação de Lisboa, tendo o antigo presidente daquele tribunal superior, Luís Vaz das Neves, sido constituído arguido na Operação Lex, na qual está também envolvido o juiz desembargador Rui Rangel e a sua ex-mulher e também juíza Fátima Galante, e um funcionário judicial do TRL.
Hoje, o atual presidente do TRL, Orlando Nascimento, garantiu que "a distribuição de processos é realizada através de um programa informático, com aleatoriedade e cumprimento das leis".
Em comunicado, Orlando Nascimento reitera que as decisões proferidas nos processos "são elaboradas com isenção, imparcialidade, e preocupação com a defesa do interesse público e particular, nelas envolvido, que são inerentes às funções de juiz".
A Associação Sindical dos Juízes Portugueses também reagiu às suspeitas de viciação na distribuição aos desembargadores de alguns processos no TRL e exigiu ao CSM uma "sindicância urgente" aos procedimentos, para que se possa verificar "se existiram irregularidades" nos sorteios.
A Operação Lex, que ainda está em fase de investigação no Ministério Público junto do Supremo Tribunal de Justiça, tem atualmente mais de uma dezena de arguidos, entre os quais o funcionário judicial do TRL Octávio Correia, o advogado Santos Martins, o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e o antigo presidente da Federação Portuguesa de Futebol, João Rodrigues e os três juízes.
O processo foi conhecido em 30 de janeiro de 2018, quando foram detidas cinco pessoas e realizadas mais de 30 buscas. Esta investigação teve origem numa certidão extraída do processo Operação Rota do Atlântico, que envolveu o empresário de futebol José Veiga.