O primeiro-ministro reuniu-se, esta quarta-feira, com seis presidentes de municípios afetados pela construção do aeroporto do Montijo, numa "reunião de emergência" destinada a "encontrar pontos de entendimento". Para o autarca do Seixal eleito pela CDU, "Alcochete pode transformar-se num futuro aeroporto de Lisboa".
Em conferência de imprensa no final da reunião, Joaquim Santos atacou o Governo, recordando que, há 10 anos, o 'dossier Alcochete' "foi consensual para o governo, autarquias e meios técnicos". Agora, só não o é porque "o Governo e três municípios alteraram a sua posição. Todos os restantes mantêm a posição".
Dos "argumentos apresentados" na reunião, o autarca não entende "por que razão é melhor o Montijo do que Alcochete".
Explicou ainda o autarca que "o primeiro-ministro referiu" que em 'cima da mesa' estavam "condições contratuais". Em causa estará "um interesse da ANA aeroportos, que tem um acionista privado que quer impor a sua vontade. Quer fazer um terminal aeroportuário numa zona onde há gravíssimos impactos para as populações e é pior do ponto de vista da utilidade do investimento público".
Para além disso, sustentou o também engenheiro civil, "o Montijo já não tem capacidade de expansão", ao contrário de "Alcochete, que pode transformar-se num futuro aeroporto de Lisboa se se decidir desativar o Humberto Delgado".
Considerou ainda o autarca Joaquim Santos que é possível levar a cabo o aeroporto "no Montijo como o Governo quer, mas também é possível em Alcochete", e foi essa a mensagem transmitida esta manhã, ao chefe do Executivo, em São Bento. "Há margem para podermos decidir de forma mais conveniente para o interesse nacional e populações", vincou.
Recorde-se que esta reunião foi motivada pelo facto de a construção do aeroporto na Base Aérea n.º 6, entre o Montijo e Alcochete, estar em risco porque a lei é clara: a inexistência do parecer favorável de todos os concelhos afetados "constitui fundamento para indeferimento".
Segundo a Declaração de Impacte Ambiental (DIA), emitida em janeiro, cinco municípios comunistas do distrito de Setúbal emitiram um parecer negativo (Moita, Seixal, Sesimbra, Setúbal e Palmela) e quatro autarquias de gestão socialista (Montijo, Alcochete, Barreiro e Almada, no mesmo distrito) deram um parecer positivo.
A Câmara de Benavente, que se localiza no vizinho distrito de Santarém, mas junto aos concelhos de Alcochete e Montijo, também enviou um parecer negativo devido ao aumento de ruído nas zonas habitacionais.