"O que tiver de ser, será": A vida em Felgueiras com o Covid-19
O surto de novo coronavírus em Felgueiras causou receio na população e afetou o comércio, com menos clientes nos cafés, no dia em que as escolas do concelho estiveram encerradas e a feira semanal foi cancelada.
© Pedro Correia/Global Imagens
País Covid-19
Esta segunda-feira acordou anormalmente calma nas ruas da cidade, sem o rebuliço da feira semanal e os engarrafamentos junto às zonas escolares.
Nas ruas, esta segunda-feira menos movimentadas, o tema do Covid-19 dominava a conversas das pessoas, num misto de preocupação e vontade de continuar uma vida normal.
João Ribeiro, de 67 anos, sentado num banco de jardim, junto aos Paços do Concelho, admitiu à Lusa "ter algum receio".
"Tenho receio, faço as coisas básicas, lavar as mãos antes e depois de sair de casa, assim como a minha esposa e o meu filho", disse, revelando: "temos de ter cuidado, porque as notícias não são nada famosas".
Acompanhado pela esposa, João Ribeiro notou que "hoje, no centro, as pessoas estão mais afastadas. Estão mais em casa".
Também Luís Costa Leite, de 75 anos, manteve o hábito de dar um passeio pela cidade, aproveitado a tarde solarenga, apesar de considerar que a situação "é má".
"Mas não vale a pena ter medo, estamos sujeitos a tudo. Espero que não se espalhe mais", acrescentou.
Numa pastelaria conhecida do centro da cidade de Felgueiras, a Lusa encontrou Amélia Faria, de 71 anos, Paula Couto, de 50 anos e Carla Couto, de 46 anos. As amigas lanchavam, como sempre fazem, mas garantiram que têm medo e tomam precauções.
Amélia diz que ainda "não mudou nada" e sai de casa quando tem de sair, mas a amiga Paula ofereceu-lhe uma máscara para se proteger.
A amiga Paula anda com uma máscara no bolso, porque é doente crónica e, por isso, um caso considerado de risco em caso de contágio.
Carla assume que não mudou hábitos, mas evita saídas desnecessárias.
Já Joaquim Pereira, de 78 anos, e a esposa Albertina, de 72 anos, passeavam na cidade, como "sempre em dias de sol".
Joaquim disse à Lusa que "sai e vai continuar a sair de casa", confessando que "tem algum receio, mas ficar em casa ainda é pior".
"O que tiver de ser, será", comentou, consternado.
Também a esposa, Albertina, considera que "se tem de morrer de alguma coisa". "Tenho medo, mas tenho de andar, ordens médicas. Ficar parada ainda é pior", comentou.
O comércio do centro da cidade também já se ressente com o surto do novo coronavírus, num concelho conhecido sobretudo por ser a "Capital do Calçado".
Vítor Vieira, o gerente da pastelaria Chocolate & Canela, que tem três estabelecimentos na localidade, referiu "estar a notar uma diferença no número de clientes".
"As escolas estão fechadas e só por isso já se nota a diferença", disse.
Questionado sobre medidas de proteção nos seus estabelecimentos, Vítor Vieira revelou que é feita a desinfeção regular das entradas.
Salientou, contudo, "que não pode andar sempre a fazer isso".
"Andamos um pouco à toa e alarmados com a ameaça", admitiu.
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