António Costa referiu numa conferência de imprensa, após a reunião da manhã desta terça-feira com oito dos seus ministros, que os portugueses devem estar preparados para um agravamento do surto de Covid-19 em Portugal.
"Estamos perante um vírus que é novo, em Portugal e no mundo, e que coloca naturalmente fatores de incerteza sobre o que é a previsão do que poderá vir a ser a sua evolução", começou por dizer o primeiro-ministro.
"Se compararmos com outros países europeus o número de casos de infeção em Portugal é muitíssimo inferior", constatou António Costa, acrescentando depois que isso poderá dever-se ao facto do surto do novo coronavírus ainda estar "numa fase inicial" em território português.
"Devemos prever um aumento no número de casos de infeção ao longo dos próximos dias e das próximas semanas. Nesta incerteza, devemos estar preparados para o pior cenário", frisou, António Costa, salvaguardando no entanto que o pânico é o pior inimigo.
O chefe de Estado salientou que "é importante que exista uma plataforma a nível europeu para informação em tempo real relativamente às medidas que todas as autoridades de saúde têm vindo a adotar". "A troca de informação ajuda todos a aprendermos coletivamente", realçou.
António Costa sublinhou que "tem vindo a existir um reforço" da Linha SNS24 e que o sistema vai continuar a ser robustecido para dar resposta à procura.
Sobre o encerramento de escolas no país ou a possível antecipação das férias escolares, o primeiro-ministro esclareceu que "tomámos a medida de fechar os estabelecimentos de ensino onde havia casos de infeção e possibilidade de contaminação".
"Se o Conselho de Saúde Pública entender que devemos generalizar o encerramento das escolas, vamos tomar essa medida", destacou o governante.
Evitar a "epidemia económica"
António Costa abordou ainda o cenário económico face à epidemia do novo coronavírus. O primeiro-ministrou disse que é importante reduzir ao máximo o impacto do Covid-19 na economia.
"É importante evitar colocarmo-nos num risco de termos de acrescentar à epidemia da doença uma epidemia económica. É essencial não agirmos tarde como aconteceu em 2008 e agirmos com firmeza e com clareza, e não termos hesitações como aconteceu na crise financeira de 2010-2011", afiançou.
Para Costa, há que "assegurar que a transição deste período epidémico é feita com o menor dano possível para a economia, para o emprego e para os rendimentos das famílias, sob pena de termos aqui uma multiplicação negativa destes efeitos".
Os testes a Marcelo
A ministra da Saúde, Marta temido, estava ao lado do primeiro-ministro durante a conferência de imprensa. A dada altura os jornalistas questionaram-na sobre se o Ministério da Saúde vai continuar a seguir a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para realizar apenas testes em pessoas que apresentem sintomas associados ao Covid-19.
"A recomendação que ainda está a ser seguida é para fazer testes apenas a casos sintomáticos", confirmou Marta Temido, referindo depois que um alargamento das análises "está a ser equacionado".
Mas quando perguntaram à ministra pelos testes feitos a Marcelo Rebelo de Sousa e se se tratou de uma exceção, o primeiro-ministro decidiu intervir.
"Presidente da República há só um e o Estado tem de assegurar a sua continuidade, o seu funcionamento e é primeiro dever do Governo assegurar a continuidade da atividade do Estado e da saúde do Presidente, que aliás manteve diversos contactos com várias pessoas neste período. Tratava-se não só da da saúde do próprio, do funcionamento institucional do país e também da saúde de todos aqueles com quem o Presidente da República mantém um contacto próximo", respondeu António Costa.
[Notícia atualizada às 12h32]