O aumento de infetados com o novo coronavírus em Portugal -- 39 até ao momento -- e a contenção de novos casos transformou-se numa das preocupações dos diretores escolares que já começaram a pensar em soluções.
Para Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), uma das medidas poderia ser "antecipar em duas semanas as férias da Páscoa e antecipar também o início do terceiro período".
Ou seja, os alunos deixariam de ir às aulas já na próxima semana, uma vez que as férias da Páscoa estão previstas para começar a 30 de março e terminar a 13 de abril.
À Lusa, Manuel Pereira explicou que a ideia foi inspirada em sugestões de professores italianos, com quem tem estado em contacto.
"Os colegas de Itália dizem-me que se as decisões tomadas agora pelo Governo tivessem sido tomadas há um mês, quando o processo começou, provavelmente ter-se-ia evitado toda esta situação que está a acontecer em Itália", contou à Lusa Manuel Pereira.
Itália está desde hoje em quarentena, incluindo as escolas que estão encerradas até 03 de abril.
O presidente da ANDE disse que já falou "informalmente" com o Ministério da Educação, o qual mostrou "uma boa abertura", mas esta é "uma solução que choca com os ministérios do Trabalho, da Saúde ou da Administração Pública", uma vez que encerrar as escolas antes do tempo obrigaria também aos pais ficar em casa.
Também o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, teme que a antecipação das férias da Páscoa afete a vida das famílias e professores, podendo trazer "mais problemas do que soluções".
No entanto, Filinto Lima reconheceu que "para situações excecionais, aceitam-se medidas excecionais", mas lembrou que neste momento as escolas "têm muito pouco tempo para conseguir pôr a medida em prática".
A Lusa questionou na segunda-feira o Ministério da Educação sobre as medidas que estão a ser ponderadas, mas não obteve qualquer resposta até ao momento.
Manuel Pereira lembrou que a antecipação das férias da Páscoa são uma forma de tentar evitar que aconteça em Portugal o que aconteceu em países como a Itália.
"A atual situação no país, nas escolas e na Europa é preocupante e nada disto passa ao lado das escolas, dos professores, dos alunos, dos pais e dos funcionários. Percebendo nós que a situação possa estar a alastrar pensamos que uma boa solução era antecipar as férias da Páscoa em duas semanas (...) para tentar reter ou parar o processo de infeção que está a acontecer no pais".
Manuel Pereira deixa o alerta: "Da maneira como as coisas estão a acontecer, hoje estão seis ou sete escolas encerradas e, daqui a uns dias, poderão estar outras tantas ou mais".
O representante dos diretores diz que, neste momento, a "grande preocupação é a saúde e bem-estar dos nossos alunos" e que parece existir compreensão por parte dos pais.
"Falámos com algumas associações de pais e com muitos pais em particular. Tenho estado a falar com 30 ou 40 diretores todos os dias e há uma boa abertura por parte dos encarregados de educação que percebem que o bem-estar dos seus filhos é a grande prioridade das escolas e penso que era possível contar com o apoio dos pais num processo de antecipação do período", garante.
A Lusa falou com o presidente da Confederação Nacional de Associações de Pais (Confap), Jorge Ascenção, que sublinhou que a prioridade é a saúde.
"A saúde dos filhos está em primeiro lugar e neste momento a principal preocupação é garantir a segurança de todas as crianças", confirmou à Lusa Jorge Ascenção.