Fronteira algarvia sem inspeção sanitária mas com controlo de veículos

As pessoas que entram pela fronteira de Vila Real de Santo António não estão a ser submetidas a controlo pela autoridades de saúde, incidindo a verificação sobre a documentação de veículos de matrícula estrangeira, constatou a Lusa no local.

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Lusa
16/03/2020 20:13 ‧ 16/03/2020 por Lusa

País

Covid-19

 

Na principal ligação do Algarve a Espanha, inspetores do Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e militares da Guarda Nacional Republicana (GNR) questionavam hoje à tarde os passageiros dos veículos que entravam e registavam a proveniência e motivo da sua deslocação a Portugal.

Um turista suíço de férias no Algarve afirmou à Lusa que se dirigiu à fronteira para "verificar se estava fechada, porque temia não poder regressar" ao seu país.

Stefene Freiburghaus chegou "há três dias" para uma semana de férias e mostrou-se apreensivo com a possibilidade do encerramento de fronteiras, já que será mais "complicado regressar à Suíça".

Contudo, as declarações à Lusa foram feitas antes de ter sido anunciado pelo Governo o encerramento das fronteiras, a partir das 23:00, à circulação de pessoas, exceto mercadorias e trabalhadores transfronteiriços.

Até lá, a ação está a decorrer durante períodos alternados do dia, com o questionário a centrar-se apenas nos veículos estrangeiros, nomeadamente os ligeiros.

A pouco quilómetros da fronteira, na vila de Castro Marim, as medidas de contenção são visíveis, com cidadãos equipados de luvas e máscara em plena rua e num dos supermercados as entradas são condicionadas.

O dispensador de senhas está à porta, onde os clientes aguardam cumprindo as recomendações para que não se agrupem e mantenham, pelo menos, um metro de distância entre si. À entrada, uma funcionária do estabelecimento fornece um par de luvas a cada cliente e relembra as recomendações.

"As pessoas estão calmas, só deixamos entrar dez pessoas de cada vez, mas depende de como está a loja", afirmou à Lusa.

Um dos clientes transporta consigo um saco com batatas, pão, lixívia e outros produtos, mas, na mão, ainda mantém a luva de plástico.

José Afonso, de 69 anos, revelou à Lusa não ter dado "pela falta de produtos", mas confessou "alguma apreensão" por não saber quanto tempo "isto irá durar".

"Pode ser um mês ou um ano, as pessoas ficam apreensivas", afirmou.

A idade e alguns problemas cardíacos trazem-lhe "uma preocupação extra", mas revelou estar informado sobre as indicações das autoridades de saúde e por isso tem-se "resguardado".

Por ser "um homem do campo", afirmou que "nos próximos tempos" vai "entreter-se pela horta" e ver "no que isto vai dar".

Com o encerramento da fronteira, também a restauração da única área de serviço entre Loulé e a fronteira estará encerrada, nos dois sentidos, entre as 23:30 e as 07:00.

O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou cerca de 170 mil pessoas, das quais 6.850 morreram.

Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.

Portugal registou hoje a primeira morte, anunciou a ministra da Saúde, Marta Temido.

Trata-se de um homem de 80 anos, com "várias patologias associadas" que estava internado há vários dias no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, disse a ministra, que transmitiu as condolências à família e amigos.

Há 331 pessoas infetadas até hoje, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS).

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