Ovar analisa situação de quem trabalha em áreas fora do concelho
O vice-presidente da Câmara de Ovar, onde foi decretada a situação de calamidade pública e imposta quarentena obrigatória, disse hoje estar a analisar a situação dos residentes que diariamente têm de trabalhar noutros concelhos, em atividades consideradas essenciais.
© Reuters
País Covid-19
Em causa estão medidas de contenção da Covid-19 e os limites impostos pelo Governo à atividade económica e à circulação de pessoas nesse município do distrito de Aveiro, onde, na prática, só está permitido o funcionamento de negócios considerados de primeira necessidade - como supermercados, farmácias ou bancos - e apenas são autorizadas as viagens para aceder a alimentação, adquirir medicamentos ou socorrer familiares.
A cerca sanitária implementada nesse território de 147,7 quilómetros quadrados envolve cerca de 70 postos de controlo fronteiriço no concelho, mas parte da população reclama que a quarentena é uma "farsa" porque as forças policiais todos os dias autorizam a saída de munícipes que trabalham em atividades de primeira necessidade localizadas noutros concelhos.
No mesmo espírito, esses receios também se aplicam aos cidadãos que, vivendo noutros territórios, diariamente vão cumprir horário nos negócios ditos essenciais do município sob quarentena
"O Governo tem estado sempre a alterar o decreto-lei [que determina os termos da quarentena associada ao estado de calamidade] e essa é uma questão que ainda estamos a analisar", diz à Lusa o vice-presidente da Câmara de Ovar, Domingos Silva.
Segundo o autarca, a dificuldade prende-se com os argumentos apresentados por cada uma das partes envolvidas. Por um lado, as tais saídas e entradas desvirtuam o princípio da quarentena e podem facilitar que pessoas infetadas assintomáticas estejam a disseminar o novo coronavírus; por outro, "as empresas dizem que sem esses funcionários não têm como laborar e deixam de poder assegurar o tal serviço de primeira necessidade".
Domingos Silva concorda que a questão "é importante" e reconhece que a solução passa por levar as empresas a pensarem em formas de "substituir temporariamente os trabalhadores" cuja atividade laboral colida com o princípio da quarentena geográfica, mas afirma: "Ainda estamos a ver isso com o Governo".
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, foi detetado em dezembro de 2019 e, entretanto, infetou já mais de 220.000 pessoas em todo o mundo. Dessas, mais de 9.000 morreram e mais de 85.500 recuperaram.
O surto começou na China, que contabiliza 80.894 infetados, 69.614 recuperações e 3.237 mortos, mas anunciou hoje não ter registado novos diagnósticos positivos locais nas últimas 24 horas, o que acontece pela primeira vez desde o início da pandemia. No entanto, assinalou 34 novos casos importados.
A doença já se alargou a 176 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar a situação como de pandemia.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 785, mais 143 do que na quarta-feira. O número de mortos no país subiu para três.
Dos casos confirmados, 696 estão a recuperar em casa e 89 estão internados, 20 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).
Portugal encontra-se desde as 00:00 de hoje em estado de emergência e assim se manterá até às 23:59 do dia 02 de abril, pelo que o decreto publicado na quarta-feira em Diário da República prevê a possibilidade de confinamento obrigatório e compulsivo dos cidadãos em casa, assim como restrições à circulação na via pública.
O Governo também declarou na terça-feira o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar, assim sujeito a cerca sanitária e controlo policial de entradas e saídas no território.
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