A iniciativa é liderada por Marco Leite e Paulo Peças, do departamento de Engenharia Mecânica, que criaram um projeto de viseira que pode ser descarregado da Internet e fabricado numa impressora 3D.
A equipa já entregou viseiras fabricadas no seu laboratório no hospital Fernando Fonseca, na Amadora, e espera a partir de quarta-feira começar a obter mais material para distribuir pelas unidades hospitalares e centros de saúde, onde "há pessoas que não têm nada, estão desprotegidas" para lidar com pessoas potencialmente infetadas com o novo coronavírus.
"Começámos há uma semana a identificar componentes e peças que estavam a faltar e, com a colaboração da Faculdade de Medicina [da Universidade de Lisboa], concluímos que faltavam viseiras de proteção", disse Paulo Peças à agência Lusa.
O projeto ficou concluído na segunda-feira e, com a colaboração de uma enfermeira do hospital de Santa Maria, em Lisboa, chegaram à conclusão que era utilizável, mesmo que não se trate de um produto certificado.
"Estas peças acabaram no mercado. Os hospitais acham que é melhor ter isto do que um produto certificado que chega daqui a um mês", referiu Paulo Peças.
As viseiras são peças circulares, ajustáveis, que se fixam em torno da cabeça e nas quais pode ser montado um acetato transparente que serve como barreira de proteção no contexto da pandemia da Covid-19.
No seu laboratório, Marco Leite e Paulo Peças conseguem produzir seis viseiras por hora, mas cerca de duas dezenas de unidades de investigação do Técnico vão começar também a produzi-las.
Para manter o distanciamento social necessário nesta altura, os investigadores definiram dois horários para entrega de viseiras nas instalações do Técnico em lotes de dez unidades.
A esterilização do material ficará a cargo das unidades de saúde.
O projeto pode ser descarregado da Internet na página https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/homepage/ist45269/covid19---ficheiro-para-impressao .
O novo coronavírus, responsável pela pandemia de covid-19, já infetou mais de 386 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 17.000.
Em Portugal, há 33 mortes e 2.362 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde.
Dos infetados, 203 estão internados, 48 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 22 doentes que já recuperaram