A conferência de imprensa diária de atualização de informação relativa à infeção pelo novo coronavírus (Covid-19) conta, esta quinta-feira, com a participação do secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, e do presidente do Conselho Diretivo do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), Fernando Almeida.
Antes da Conferência de imprensa, as autoridades da saúde emitiram o boletim epidemiológico diário onde confirmaram que, até às 00h00 desta quinta-feira, foram confirmados 60 mortos e 3.544 infetados em Portugal.
Um facto positivo na atualização de hoje é que 43 pessoas já recuperam da Covid-19 no nosso país.
A conferência de imprensa começou com o secretário de Estado da Saúde a salientar que é necessário cumprir cada vez mais as medidas do Estado de Emergência, o isolamento e a distância social, visto que, estamos na fase de mitigação, ou seja, de transmissão comunitária.
“É crucial que as pessoas não adoeçam todas ao mesmo tempo. Os contactos sociais devem ser reduzidos ao mínimo mais que nunca”, disse.
António Sales confirmou que Portugal recebeu, esta quarta-feira, “5 mil dos 80 mil testes previstos para a próxima semana”. Segundo o responsável, os restantes 75 mil chegarão “no início da próxima semana”.
Antes de começar a responder às perguntas dos jornalistas, Graça Freitas quis deixar uma palavra de tranquilidade às pessoas que vão adoecer.
“Iniciámos a fase de mitigação e quero deixar uma palavra às pessoas que ainda vão adoecer. Até aqui, as pessoas estavam habituadas a um circuito que tinha um hospital de referência para onde o SNS 24 encaminhava pessoas com sintomas. Agora, muitas pessoas vão ficar em casa e isto é um bom sinal, é sinal que têm uma patologia ligeira e que a doença provavelmente vai evoluir bem”, disse, para de seguida falar sobre as mudanças no circuito que foram implementadas a partir da meia-noite.
“Nesta fase de transição, as pessoas vão ter de ter confiança no circuito. Muitos doentes que estiveram no hospital, depois foram para o domicílio sabendo que, se por acaso a situação a evoluir, obviamente terão de ter outro tipo de tratamento. Quero deixar esta palavra de tranquilidade para todas as pessoas que daqui para a frente serão identificadas como positivas. Devem ficar no domicílio e em tranquilidade”, concluiu.
"O sintoma mais precoce, o que dá mais nas vistas, é a tosse"
A diretora-geral da Saúde começou por explicar que esta é a Covid-19 é uma doença de longa evolução e que podemos ter cada vez mais doentes em estado grave e ver o número de mortos a aumentar.
Quanto aos sintomas, de acordo com a responsável, “sabe-se hoje que o sintoma mais precoce, o que dá mais nas vistas, é a tosse, depois a febre e depois a dificuldade respiratória. Os sintomas devem levar a pessoa, sem pânico, a procurar o apoio da linha SNS 24. Não há um agravamento súbito dos sintomas, as pessoas devem procurar a triagem sem entrarem em pânico. O que interessa aqui é ter sintomas”.
Graça Freitas garantiu que todos os 22.257 casos suspeitos fizeram testes, mas houve muitas mais pessoas testadas, reforçando que "qualquer pessoa suspeita vai ter acesso ao teste".
"O objetivo do teste é detetar casos positivos", explicou, já os negativos não importam neste momento, uma vez que mais à frente a mesma pessoa pode vir a contrair o vírus.
Graça Freitas assegurou também que "os nossos doentes estão a usar todo o arsenal de medicamentos que há no mercado".
A diretora-geral da saúde recordou ainda, em resposta a uma pergunta de um jornalista sobre a utilização dos hospitais Privados para combater a pandemia, que "até às zero horas desta quinta-feira, estávamos em fase de contenção e um doente com Covid-19 era enviado para um hospital de referência. A partir de agora, em fase de mitigação, os hospitais privados não têm de o enviar para estes hospitais".
INSA aconselha DGS a ter cuidado com testes rápidos
Por sua vez, o presidente do Conselho Diretivo do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) esclareceu questões relacionadas com os testes rápidos.
Fernando Almeida disse que o instituto tem aconselhado a DGS a ter cuidado com os testes rápidos de diagóstico do novo coronavírus, que estão a ser utilizados em Espanha, por exemplo.
O responsável do INSA salientou ainda que há três tipos de testes rápidos que em Portugal não têm parecer positivo do Infarmed nem do Instituto Ricardo Jorge. "O grande problema é que muitos destes testes - e não vou mencionar marcas - têm alguns problemas de sensibilidade e não temos garantias", sublinhou.
Equipamentos de proteção individual"reforçados nas próximas semanas"
Sobre os equipamentos de proteção individual (EPI), António Sales garantiu que estes serão “reforçados nas próximas semanas”. “Assumo a responsabilidade daquilo que disse. Foram distribuídos cerca de 150 mil EPI pelas diferentes administrações regionais que depois vão fazendo a sua respetiva distribuição, com equidade e proporcionalidade. Essa distribuição vai ser reforçada esta semana de acordo com as aquisições que vamos fazendo”, afiirmou o secretário de Estado da Saúde que parabenizou ainda o papel das ordens da saúde que, “têm sido inexcedíveis”.
“A letalidade do nosso país é pouco superior a 1%”
Sobre o número de vítimas mortais, que subiu de 43 para 60 em 24 horas, Graça Freitas explicou que “a letalidade do nosso país é pouco superior a 1%” e é “mais elevada nos grupos etários mais velhos”. “Está de acordo com a experiência de outros países e nós em Portugal estamos dentro do que seria expectável”, confirmou a diretora-geral da Saúde
Graça Freitas adiantou ainda que vários medicamentos utilizados no vírus do ébola estão a ter sucesso no tratamento de pessoas infetadas com o novo coronavírus. “Tudo indica que estes medicamentos resultam”, disse, recordando, contudo, que ainda não é possível “tirar conclusões.
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[Notícia em atualização]