O diretor do Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa (AEPROSA), Francisco Soares, explicou à agência Lusa que a decisão de colocar o clube de programação e robótica do agrupamento a trabalhar na produção de viseiras de proteção facial foi tomada por proposta do coordenador do clube, que entregou as primeiras unidades ao Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA), para que os profissionais testassem o modelo.
"Vivemos um momento histórico, infeliz e sem precedentes, pelo menos, na nossa memória. E olhando para países tão próximos, como a Itália ou a Espanha, percebemos que não há nenhum sistema de saúde que esteja preparado para enfrentar uma calamidade destas", afirmou aquele responsável.
Francisco Soares sublinhou que a realidade tem demonstrado que "o próprio sistema italiano, que é bem mais robusto que o português, não tem conseguido dar a resposta adequada" ao número de casos de pessoas infetadas, enquanto "Espanha está a levar um caminho semelhante".
"E nós, em Portugal, que ainda não temos, felizmente, a dimensão da tragédia igual à deles, temos que nos precaver. Sabemos que há falta equipamentos, nomeadamente os que podem evitar o contágio, e é nisso que podemos colaborar, porque como temos um clube de programação e robótica, em tempos adquirimos uma impressora 3D", referiu.
Segundo o diretor do agrupamento, o coordenador desse clube, Orlando Mendonça, propôs-lhe a possibilidade de fazer, "ainda que experimentalmente, algum tipo de equipamento de proteção, nomeadamente estas viseiras".
Francisco Soares disse ter dado logo "luz verde" à iniciativa e colocado o orçamento disponível no agrupamento ao serviço deste trabalho, tendo o modelo inicial já sido melhorado, depois de os profissionais que testaram o equipamento terem feito "sugestões de alteração e aperfeiçoamento, para serem mais confortáveis, porque elas são utilizadas durante muitas horas", justificou.
"Já estamos em produção e fizemos uma notícia de apelo a quem tivesse este tipo equipamento para entrar em contacto connosco e poder enriquecer a nossa cadeia de produção, para evitar que as cadeias de transmissão levem rumos como os que temos visto pela Europa fora e pelo mundo", acrescentou.
A impressora 3D que está a ser utilizada tem uma capacidade de produção, segundo o diretor, que "pode não estar acima de produzir 15 por dia".
Por isso, o agrupamento pediu apoio para que quem tivesse mais impressoras e o material necessário à sua produção entrasse em contacto e mostrasse a sua disponibilidade, enviando um contacto telefónico para o email 3d.anticovid@aeprosa.pt.
"Enquanto escola sentimos necessidade de sermos elementos proativos nesta batalha, que é nacional e mundial", disse, cifrando o custo atual de produção de cada viseira em "menos de dois euros".
Entre equipamento solicitado pelo agrupamento aos voluntários e fornecedores para aumentar a capacidade de produção, de forma "grátis ou a preço justo", estão filamentos para impressora, um tipo de plástico, elásticos, fita adesiva de dupla face e esponjas em placas.
Para mais informações sobre a especificação do material necessário, pode ser enviada uma mensagem de email para o endereço direcao@aeprosa.pt.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 450 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 20.000.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com cerca de 240.000 infetados, é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 7.503 mortos em 74.386 casos registados até hoje.