"Trata-se de fronteiras servidas por estradas municipais e caminhos. Temos conhecimento que há pessoas a contornar estas fronteiras, de um lado e outro, utilizando caminhos agrícolas das proximidades", indicou à Lusa Jorge Fidalgo.
Segundo o autarca, a GNR de Vimioso "tem sido incansável", mas "não consegue fazer patrulhamento nestes locais 24 horas por dia".
"Para evitar o contorno destas fronteiras, de imediato colocamos obstáculos (montes de terra e valas) nesses caminhos. Ultimamente fomos alertados que entre Vale de Pena (anexa da freguesia de Pinelo) e Latedo (Espanha) o caminho agrícola/vicinal que liga estas duas localidades estaria a ser usado para entrada em Portugal", destacou o autarca trasmontano.
Jorge Fidalgo deixou um alerta, já que a situação "pode agravar-se nos próximos tempos": "Sublinho que não é nada contra os nossos emigrantes, mas sim a necessidade de evitar contactos sociais propagadores da pandemia".
O presidente frisou que não havendo controlo sanitário, como há nos aeroportos, existe o perigo de estar a entrar o vírus pelas fronteiras, "muitas vezes sem que os próprios emigrantes saibam se estão ou não contaminados".
O autarca referiu que, desde o despacho que determinou o encerramento e controlo de fronteiras, "o município de Vimioso, em articulação com o GNR, fechou as fronteiras de Vimioso/Alcanices (Três Marras) e Vale de Frades/Vilarinho Tras la Sierra[Espanha]".
Apesar dos todos os esforços e vigilância ativa e permanente da GNR, "há relatos indicando que uma das estratégias usadas para entrada em Portugal, pelo concelho de Vimioso, é um carro chegar à fronteira do lado de Espanha, deixar os passageiros e outro carro, do lado de Portugal, transportar os mesmos, atravessando-se a fronteira a pé", referiu.
"De imediato interrompemos esse caminho com montes de terra e valas, sendo que a GNR Vimioso nos alertou para o facto", vincou.
O autarca lembrou que, existindo no distrito de Bragança casos de contaminação por emigrantes que regressaram, "torna-se imperioso um maior controlo das fronteiras e o controlo sanitário das mesmas, além de tornar obrigatória a quarentena para quem entra em Portugal".
Por seu lado, o presidente da câmara de Mogadouro alertou para a necessidade de repor o confinamento, através da medida da quarentena obrigatória, para todos os emigrantes que entram em território nacional.
"Tem de haver um controlo efetivo nas fronteiras e extensível a todos os cidadãos que se deslocam para o concelho de Mogadouro. Esta posição, por várias vezes assumida pelos diferentes agentes de proteção civil do distrito, cada vez faz mais sentido, dado que os casos de propagação da covid-19 têm sido provocados por pessoas vindas do exterior", reiterou.
Em Freixo de Espada à Cinta, no Douro Internacional, todos os movimentos estão a ser controlados.
"A fronteira de Saucelle está vigiada, bem como outros movimentos estranhos", vincou a presidente da Câmara, Maria do Céu Quintas.
O município de Miranda do Douro já havia bloqueado todos os acessos à raia e garantindo que não há registos de "prevaricação" nos últimos dias.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.
Em Portugal, registaram-se 76 mortes, mais 16 do que na véspera (+26,7%), e 4.268 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que identificou 724 novos casos em relação a quinta-feira (+20,4%).