Depois de ter reunido com a Ordem dos Enfermeiros e a Ordem dos Farmacêuticos, esta sexta-feira em Belém, o Presidente da República falou sobre as preocupações que lhe foram transmitidas, nomeadamente sobre a necessidade do reforço de material de proteção individual não só dos profissionais de saúde como de outros grupos profissionais.
Trata-se de "material mais sofisticado" em relação ao usado noutros surtos e "em maior quantidade", vincou o Chefe de Estado.
"E é por isso, como sabem, que muitas indústrias portuguesas ligadas ao setor têxtil e outras (...) canalizaram a sua produção para reforçar aquilo que, nas previsões iniciais, não se pensava ser tão sofisticado, tão complexo e em tanta quantidade".
O Presidente referiu-se também à chamada de atenção da bastonária da Ordem dos Enfermeiros sobre a "necessidade que sente" - "e as autoridades sanitárias têm tentado corresponder" - relativamente a um maior número de testes, nomeadamente aos enfermeiros que estão em contacto com contaminados.
"Tudo isto são realidades novas que vão surgindo e que exigem respostas novas e um espírito de cooperação e unidade, e ao mesmo tempo, de ajuda, de sugestão e de apoio" entre as várias ordens, sublinhou Marcelo.
Questionado sobre se partilha do mesmo otimismo de António Costa que garantiu que não faltou nada nos hospitais nem irá faltar, o Presidente respondeu que o poder, onde se inclui, "tem dito é que tudo tem de ser feito para proporcionar os meios de resposta - mais ventiladores, mais cuidados intensivos, mais camas e afetação de camas a hospitais a este objetivo que é prioritário e também mais equipamento de proteção".
Sobre o material de proteção, insistiu, "não se pensava à partida, nem que fosse tão exigente a qualidade do equipamento nem a quantidade" e por isso, justificou, "é que é há um esforço muito grande para corresponder a uma pressão acrescida".
"Até porque, todos hoje estamos a perceber, o período é um período longo", afirmou o chefe de Estado, referindo-se ao pico da pandemia em Portugal que se estima agora que aconteça em maio. "O esforço que está a ser feito para achatar a curva, impedindo um pico rápido"- que levaria à rutura do SNS - "esse esforço significa que o pico vai sendo adiado", salientou, acreditando que a previsão vai "deslizando" ainda mais no tempo.
Situação que "custa aos portugueses em termos de cansaço", admitiu, mas que é fundamental para se conseguir dar resposta. "Isto é uma prova de resistência, e não se pode facilitar nessa resistência, se se facilita o vírus ganha espaço", advertiu.
"É um esforço de todos os dias", apontou Marcelo, considerando como necessárias as "chamadas de atenção" quer dos profissionais de saúde, quer dos autarcas e dos demais que lidam de perto com as situações.