PCP/Porto desconhece "razões científicas" que justifiquem cerco

O PCP do Porto disse hoje desconhecer quaisquer "razões científicas ou técnicas que justifiquem a implementação de um cerco sanitário na cidade devido à Covid-19, alertando que tal podia causar "mais problemas", nomeadamente nos dois hospitais centrais.

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Lusa
30/03/2020 17:15 ‧ 30/03/2020 por Lusa

País

Covid-19

"Não é pública qualquer razão que sustente o cerco, do ponto de vista técnico ou científico. Há medidas implementadas e é nelas que se devem concentrar as atenções, em vez de estar, de dia para dia, a procurar novas medidas, feitos baratas tontas", disse à Lusa Jaime Toga, da Direção da Organização Regional do Porto (DORP) do PCP.

Alertando que o "aumento do número de infetados com Covid-19 é proporcional ao aumento de testes realizados", o responsável comentava as afirmações da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, sobre o facto de estar a ser equacionada a imposição de uma cerca sanitária na região do Porto, algo que a autarquia recusa, considerando "absurdo" e "inútil".

Para Jaime Toga, um eventual cerco sanitário ao Porto "causaria outro tipo de constrangimentos" e, "mais do que a resolução de um problema, seria outro problema", até pelos efeitos que poderia causar nos dois hospitais centrais da cidade, onde estão internados vários infetados com o novo coronavírus.

Jaime Toga alerta que o aumento do número de infetados no Porto "não é razão" para uma medida como um cerco sanitário.

"Em Ovar [onde o Governo declarou, no dia 17, o estado de calamidade pública], as medidas eram fundamentadas numa realidade concreta de contágio que não está identificada nem no Porto nem em nenhum dos concelhos vizinhos", vincou.

Para o responsável da DORP, "há um conjunto de medidas que têm sido implementadas no país e que têm tido correspondência na aceitação das pessoas e nos resultados [relativos ao número de infetados]".

"É na aplicação destas medidas que as autoridades se devem concentrar, e não andar, de dia para dia, a procurar atirar soluções ou medidas sem qualquer sustentação do ponto de vista científico ou técnico", notou.

Dados da Direção-Geral de Saúde (DGS) divulgados hoje, e que se referem a 75% dos casos confirmados reportados até às 24:00 de domingo, precisam que o Porto é o concelho que regista o maior número de casos de infeção pelo coronavírus SARSCov2 (941), seguida de Lisboa (633 casos), Vila Nova de Gaia (344), Maia (313, Matosinhos (295), Gondomar (276) e Ovar (241).

Os dados da DGS revelados no domingo, atualizados até às 24:00 de sábado e também referentes a 75% dos casos confirmados, indicavam que Lisboa era a cidade que registava o maior número de casos de infeção pelo coronavírus SARSCov2 (594), seguida do Porto (317 casos), Vila Nova de Gaia (351), Maia (296), Matosinhos (294), Gondomar (242) e Braga (208).

Para a Câmara do Porto, a ideia de um cerco sanitário à cidade é "absurda num momento em que a epidemia de covid-19 se encontra generalizada na comunidade em toda a região e país"

A autarquia esclarece que tal medida "não foi pedida pela Câmara do Porto, pela Proteção Civil do Porto ou pela Proteção Civil Distrital".

Na conferência de imprensa diária para fazer o ponto da situação da pandemia de covid-19 em Portugal, Graça Freitas assegurou a articulação entre as autoridades de saúde e as autoridades municipais desde logo, com a Câmara, a Segurança Social e com a Comissão Municipal de Proteção Civil.

Portugal regista hoje 140 mortes, mais 21 do que na véspera (+17,6%), e 6.408 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 446 em relação a domingo (+7,5%).

Dos infetados, 571 estão internados, 164 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.

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