SNS "em condições de duplicar a capacidade de ventilação"
A diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, e o secretário de Estado da Saúde, António Sales, fizeram um ponto da situação da pandemia em Portugal. Presente na conferência, esta quinta-feira, esteve também o presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos (SPCI), João Gouveia.
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País Covid-19
Depois de apresentar os dados do boletim de hoje (total de 209 mortos, mais de 9 mil casos de infeção e 68 recuperações), António Sales, secretário de Estado da Saúde, disse que a taxa de letalidade global é de 2,3% e a taxa de mortalidade acima dos 70 anos de 9,2%.
Numa altura em que se renova o Estado de Emergência no país, o secretário de Estado vincou que "importa manter a malha apertada", quer através da contenção social - "crucial nos próximos dias" -, quer "robustecendo os mecanismos de resposta do sistema de saúde, capacitando-o para as novas fases da epidemia".
"Sobre a testagem", garantiu, "estamos a articular a disponibilidade de meios de forma a que exista um equilíbrio entre locais com carências e locais com maior disponibilidade". Por isso, fez saber o governante, "hoje mesmo serão distribuídas seis mil zaragatoas". António Sales disse também que estão ainda encomendadas 400 mil zaragatoas, das quais 80 mil chegam amanhã, e as restantes com entregas previstas nas próximas semanas e que "farão face aos constrangimentos" que resultam da elevada procura.
Para além disso, "na próxima semana chegam mais 200 mil testes a Portugal". O responsável garantiu que todos os dias os serviços partilhados do Ministério da Saúde estão a trabalhar para que sejam repostos os kits de testagem e material de proteção individual. Paralelamente, indicou, "estamos também a reforçar a nossa capacidade de ventilação", pois "como sabemos, situações mais graves de Covid-19 levam a cuidados intensivos e muitos dos nossos doentes internados precisam de ventiladores na luta pela sua vida".
Capacidade de ventilação reforçada
"Entre ofertas, compras e empréstimos, estaremos em condições de duplicar a nossa capacidade de ventilação" , assegurou o secretário de Estado, acrescentando que "foram oferecidos 400 ventiladores invasivos por diversas entidades, muitos dos quais já chegaram aos hospitais, outros têm previsão de entrega muito em breve".
O governante indicou que o SNS recebeu ainda 140 ventiladores não invasivos, a título de empréstimo, a maioria já entregue por todo o país. Além disso, frisou, foram adquiridos cerca de 900 pela Administração Central do Sistema de Saúde, "alguns dos quais já em Portugal". 144, indicou, "chegarão este fim de semana ao nosso país".
Também presente na conferência, o presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos (SPCI), João Gouveia, sublinhou que "houve já um crescer significativo da capacidade instalada da medicina intensiva" em Portugal, "fruto do trabalho de todos os profissionais de medicina intensiva" e dos diferentes profissionais dos hospitais "que permitiram condições para a expansão dos serviços".
Além dos profissionais, "é óbvio que é também necessário o material", material esse que "se está a conseguir de várias maneiras, quer através da recuperação de material que precisava de alguns arranjos, quer através da aquisição de novos materiais".
Respondendo às questões dos jornalistas, o secretário de Estado adiantou ainda que na noite de ontem, quarta-feira, chegaram 2,8 milhões de máscaras cirúrgicas. Desde o dia 1 de março, disse ainda António Sales, foram efetuados cerca de 75 mil testes acumulados, entre os 5 e 6 mil testes diários.
Critérios para os testes
Por sua vez, Graça Freitas clarificou os critérios para os testes à Covid-19. "Há de facto critérios e esses são bem claros", afirmou, referindo que os casos suspeitos são os que devem, em primeira instância, ser testados. Depois, "na segunda linha", os contactos próximos desses doentes, "especialmente se estiverem em lares". "Obviamente que essas são as pessoas prioritárias para testar".
Pico ou planalto, para quando?
Questionada sobre o pico da pandemia, a diretora-geral disse que a curva ainda está a subir. "Estamos francamente em ascendência, não uma ascendência exponencial e abrupta. Temos tido uma subida relativamente aplanada, mas não sabemos quando vai ser o pico com certeza", respondeu. "E o que me dizem as pessoas que fazem projeções matemáticas é que quanto mais lenta for a nossa progressão, obviamente mais para a frente será o pico".
E esse pico, voltou a dizer, "poderá ser mais um planalto do que um pico". "Neste momento estamos a subir, estamos a fazer tudo para subir o mais lentamente [possível], o que quer dizer que podemos estar a diferir o pico para uma data mais tardia". Em todo o caso, e como em todas as epidemias, "só saberemos que estivemos o pico, quando o começarmos a descer, e mesmo assim não é nos primeiros dias da descida".
Graça Freitas sublinhou que o que "interessa" agora é o número de doentes por semana, para saber se o Sistema Nacional e Saúde "tem capacidade" de os tratar "o melhor possível".
Questionada ainda sobre doentes que terão tido alta na zona Norte sem terem feito os testes (ambos têm que ser negativos), Graça Freitas afirmou "estar absolutamente certa" que tais altas ocorreram com base em "critérios clínicos" e que estes pacientes tenham sido recomendados a seguir o isolamento em casa e o isolamento social.
Profissionais infetados
O novo coronavírus já infetou 1.124 profissionais de saúde em Portugal, entre os quais 206 médicos e 282 enfermeiros, anunciou o secretário de Estado da Saúde, respondendo às perguntas dos jornalistas.
Entre os profissionais infetados com o novo coronavírus, que provoca a doença covid-19, estão também 636 de áreas como assistentes técnicos, assistentes operacionais e técnicos de diagnóstico e terapêutica, adiantou Lacerda Sales na conferência de imprensa diária para atualização de informação sobre a pandemia de covid-19 em Portugal.
O secretário de Estado referiu ainda números de quarta-feira que contabilizavam sete médicos e um enfermeiro internados em cuidados intensivos.
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