Covid-19: Transplantados alertam DGS sobre riscos a que estão expostos
O Grupo Desportivo de Transplantados de Portugal (GDTP) alertou hoje que há muitos transplantados e candidatos a transplante obrigados a trabalhar e sem possibilidade de teletrabalho, estando expostos a um maior risco de contrair a infeção pelo novo coronavírus.
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País Covid-19
O alerta é feito num pedido de esclarecimento enviado hoje à diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, sobre a situação dos transplantados e candidatos a transplantes no contexto da pandemia de Covid-19, a que a agência Lusa teve acesso.
"Temos conhecimento de inúmeros transplantados e candidatos a transplante obrigados a trabalhar e sem possibilidade de teletrabalho, ou seja, expostos aos riscos acrescidos por esta pandemia, devido ao tratamento continuado com terapêutica imunossupressora e as comorbilidades associadas às respetivas patologias", sublinha o GDTP.
No documento, o grupo afirma que a pandemia tem exigido "um árduo trabalho" da diretora-geral da Saúde, a quem agradece, mas pede a sua atenção para a situação dos transplantados de órgãos, como rim, coração, fígado, pulmão, pâncreas, intestino e de medula óssea, e dos candidatos a transplante.
As recomendações da Direção-Geral de Saúde (DGS) são praticadas habitualmente por esta população, com maior ênfase na população sob terapêutica imunossupressora.
"Nesta situação de pandemia, são orientações das equipas médicas que nos seguem a extrema cautela e atenção para as referidas medidas e ainda a ida ao hospital apenas em situações de urgência ou se estritamente necessário", sublinha no documento, que também foi enviado ao Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST).
Acresce a necessidade de acesso a medicação (tratamento continuado com imunossupressores), em farmácia hospitalar, cujos centros de transplantação pretendem resolver, evitando a deslocação dos doentes e mitigando assim o seu risco de exposição.
O GDTP considera que, com base na orientação 010/2020 de 10/03/2020 da DGS, os médicos especialistas, que acompanham os doentes, têm competência para atestar a necessidade de afastamento social e isolamento profilático.
No seu entender, esta orientação devia ser transposta para os instrumentos legislativos, a elaborar no âmbito da declaração do estado de emergência.
O grupo reforça ainda a necessidade de alertar as entidades patronais para a necessidade de isolamento profilático para os colaboradores desta população, considerando injusta a imposição de gozo de férias ou eventual baixa pelas entidades patronais a estes colaboradores.
O grupo lembra que os candidatos a transplante são uma população vulnerável, que devem "evitar, mais do que o habitual, o contacto social".
"Sendo os 'elos mais fracos' de uma possível cadeia de transmissão, somos colocados em situação vulnerável e de risco para nós (com elevada probabilidade de comprometer o transplante) e para os próximos (seja em casa, seja no trabalho)", sublinha o grupo no documento.
Em Portugal, segundo o balanço de hoje DGS, registaram-se 209 mortes, mais 22 do que na quarta-feira (+11,8%), e 9.034 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 783 em relação à véspera (+9,5%).
Dos infetados, 1.042 estão internados, 240 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 68 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março, tendo a Assembleia da República aprovado hoje um prolongamento até ao final do dia 17 de abril.
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