Desde 26 de fevereiro "à espera que a dona da cervejaria acione a insolvência controlada", acordada na reunião que decorreu na Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), os funcionários da Galiza estão desde o final de março a trabalhar em regime de 'take-away' para tentar "manter os postos de trabalho", recordou o representante dos trabalhadores.
Contudo, "não estamos a faturar nem 10% do possível e a verdade é que não conseguimos em março pagar os nossos salários, é quase só para o combustível da carrinha e para os abastecimentos da cervejaria", relatou António Ferreira, referindo-se à atual situação que decorre do estado de emergência nacional declarado para combater a propagação da covid-19.
"Dada a impossibilidade de continuarmos a pagar a renda do espaço, que é de 1.900 euros, pedimos à dona que assumisse esse custo, o que foi recusado com o argumento de sermos nós, e não ela, quem está a gerar dinheiro", acrescentou.
Afirmando-se "revoltado" com a atitude da proprietária daquela cervejaria portuense, António Ferreira revelou à Lusa "não entender como é que alguém que recebeu mais de 60 mil euros dos trabalhadores, desde que em novembro assumiram a gestão do espaço, se recusa a colaborar, sabendo que no sábado é a data limite para pagar a renda".
Para o gestor da cervejaria, "apesar do dinheiro recebido", o facto de a proprietária "não cumprir com o pagamento dos impostos em atraso, conforme fora combinado", parece ser "fruto de um esquema para vender o espaço sem querer saber do futuro dos funcionários".
"É para nós claro que isto é uma jogada para nos pôr daqui para fora. Primeiro a insolvência que nunca mais entra no tribunal e agora isto, sabendo que estamos numa posição fragilizada em termos financeiros", lamentou o representante dos trabalhadores.
Os 28 dos 33 trabalhadores que em novembro de 2019 evitaram o encerramento compulsivo do estabelecimento e, desde então, gerem o espaço, "recusam-se a abandonar o seu posto de trabalho até que alguém dê a cara para que a situação se resolva", garantiu.
Fundada a 29 de julho de 1972, a Cervejaria Galiza é detida pela empresa Atividades Hoteleiras da Galiza Portuense, sendo uma das referências do Porto no setor da restauração.
A tentativa de resolver as dificuldades financeiras passou pelo recurso a um PER, aceite pelo Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia.