"No caso das unidades hoteleiras, estamos a fazer testes de diagnóstico por infeção pelo novo coronavírus. (...) Consoante os resultados iremos determinar ou não o prolongamento desse período de quarentena ou a determinação de isolamento, no caso de ser positivo", afirmou hoje o responsável da Autoridade de Saúde Regional, Tiago Lopes, no ponto de situação diário sobre a evolução do surto da covid-19 na região.
Desde o dia 14 de março que o executivo açoriano obriga os passageiros que aterrem na região a assinar um termo de responsabilidade, comprometendo-se a ficar em quarentena durante 14 dias.
No dia 26 do mesmo mês, e após articulação prévia com o representante da República para a Região Autónoma dos Açores, o Governo Regional determinou que esse período de confinamento obrigatório seria feito em unidades hoteleiras, "independentemente da residência" das pessoas, assegurando os custos da estadia.
Na quarta-feira, estavam 352 passageiros em confinamento obrigatório em hotéis nos Açores, 120 na Terceira e 232 em São Miguel (as únicas duas ilhas que têm atualmente ligações aéreas com o continente), segundo revelou a Secretária Regional da Energia, Ambiente e Turismo, Marta Guerreiro, numa audição no Parlamento açoriano.
Atualmente, a obrigação de permanência em quarentena é aplicada apenas a quem chega de fora do arquipélago, até porque o transporte de passageiros inter-ilhas só é feito com autorização da Autoridade de Saúde Regional, mas Tiago Lopes disse que está a ser ponderado o alargamento da quarentena também a quem ainda se desloca de ilha para ilha.
"Estamos a ponderar a realização dos testes aquando das deslocações e depois esse cumprimento dessa quarentena, que deveria ser obrigatória -- devíamos ter isso em mente para qualquer um de nós próprios -- mas que por via da sua não aplicação em rigor, se calhar efetivamente mais vale ter uma medida mais em excesso e ter essa determinação desse período em quarentena", revelou.
O responsável da Autoridade de Saúde Regional disse que ainda estão a ser definidos os "critérios específicos" para a aplicação dessa medida, alegando que isso vai exigir "um melhor conhecimento de quem está a circular".
"Não determinámos isso ainda, neste momento, porque temos de ver quais são as exceções para o cumprimento desse período de quarentena. Nos casos médicos não podemos determinar um período de quarentena quando um utente e o seu acompanhante se deslocam interilhas. Não vai ter de ficar 14 dias para fazer consulta", explicou.
Tiago Lopes admitiu também a necessidade de reforçar as medidas de controlo do surto na ilha de São Miguel, onde estão já identificadas três cadeias de transmissão primárias e uma terciária.
"Atendendo ao caso concreto de São Miguel, atendendo às cadeias de transmissão que existem neste momento, temos de adotar aqui outro tipo de medidas mais excecionais para que, entretanto, consigamos conter a propagação do vírus para as restantes ilhas da região", frisou.
Foram registados até ao momento nos Açores 84 casos de covid-19 (47 em São Miguel, 11 na Terceira, 10 no Pico, sete em São Jorge, cinco no Faial e quatro na Graciosa), verificando-se três recuperações na ilha Terceira e dois óbitos na ilha de São Miguel.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,5 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 94 mil.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 409 mortes, mais 29 do que na véspera (+7,6%), e 13.956 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 815 em relação a quarta-feira (+6,2%).