Na semana passada, a Rodoviária de Lisboa anunciou que iria entrar em 'lay-off' parcial, com redução das horas de trabalho de todos os colaboradores, mas assegurou que seriam mantidos os "serviços mínimos de mobilidade", com "uma oferta de carreiras ajustada à procura que existe atualmente".
"Esta decisão da Rodoviária não só coloca em causa a mobilidade dos utentes como a sua saúde. Para nós é totalmente incompreensível, afirmou à agência Lusa Ana Alexandre, da Comissão de Utentes dos Serviços Públicos da União de Freguesias de Camarate, Unhos e Apelação, concelho de Loures, no distrito de Lisboa.
Ana Alexandra referiu que estas alterações da Rodoviária colocam "dificuldades acrescidas aos utentes", uma vez que obriga a "deslocações mais demoradas, mais tempos de espera e mais transbordos".
"O intervalo entre carreiras chega, em alguns casos, a ser de duas horas, como é o caso da que liga esta freguesia ao Hospital de Loures. Também as que vão para Lisboa estão a ser suprimidas. É incompreensível", apontou, alertando para as "grandes aglomerações de pessoas que se têm gerado".
As queixas relativamente à redução do número de carreiras da Rodoviária de Lisboa também se fizeram sentir por parte da Comissão de Utentes de Sacavém e da Câmara Municipal de Loures, que questionou a Área Metropolitana de Lisboa sobre "as alterações unilaterais ao serviço prestado no concelho".
Entretanto, num comunicado divulgado hoje, a Área Metropolitana de Lisboa (AML) assegurou estar a trabalhar com os municípios e operadores de transporte rodoviário para repor nos próximos dias a oferta de serviço equivalente a 40% do que existia antes da pandemia.
De acordo com a AML, a oferta rodoviária será reposta de uma forma faseada e terá em conta as contingências em vigor, entre as quais a necessidade de salvaguardar as distâncias de segurança entre passageiros e a adoção de comportamentos que minimizem o risco de contágio também aos motoristas.
Segundo a Rodoviária de Lisboa, a decisão de avançar para o regime de 'lay-off' parcial tem como objetivo assegurar "a manutenção dos postos de trabalho de todos os colaboradores", já que a quebra na procura dos serviços de transportes, na sequência das restrições de mobilidade associadas à pandemia de covid-19, resultou "numa drástica redução das receitas provenientes dos passes e dos bilhetes".
O 'lay-off' consiste na redução temporária dos períodos normais de trabalho ou suspensão dos contratos de trabalho efetuada por iniciativa das instituições, durante um determinado tempo.
Portugal regista 629 mortos associados à covid-19 em 18.841 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.