Portugal volta a ser exemplo lá fora. "Continua a ser uma exceção"

A imprensa internacional elenca alguns fatores que podem explicar o facto de Portugal ter uma taxa de infetados e de letalidade mais baixa do que a vizinha Espanha.

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© REUTERS/Rafael Marchante

Notícias ao Minuto
16/04/2020 17:48 ‧ 16/04/2020 por Notícias ao Minuto

País

Covid-19

Enquanto o novo coronavírus continua sem dar tréguas na Europa, à semelhança de outros continentes igualmente afetados, Portugal "continua a ser uma exceção", diz o jornal italiano Internazionale. O semanário não se refere ao facto de Portugal ter sido poupado pelo vírus - que não está a sê-lo -, mas sim por ter "um quarto de habitantes em comparação com a Espanha" e ter "até agora registado apenas 18 mil casos, um décimo de seu vizinho e uma taxa de mortalidade três vezes menor".

Estes números surgiram em linha contrária ao que seria expectável, dá conta o Internazionale num artigo publicado esta quinta-feira.

"As condições iniciais pareciam sugerir que Portugal era um dos países mais ameaçados da Europa. Possui a maior percentagem de cidadãos acima de 80 anos depois de Itália, o menor número de unidades de terapia intensiva (4,2 por 100 mil habitantes) e um sistema de saúde severamente enfraquecido pelos cortes impostos durante a crise da dívida".

Até agora, pode ler-se, "a região mais afetada foi o norte, que além de ter uma maior taxa de urbanização e industrialização também é tradicionalmente a mais ligada à Espanha", explica o jornal que cita a plataforma noticiosa Politico.

O isolamento geográfico a que os portugueses estão obrigados, na sequência da declaração de Estado de Emergência, "permitiu às autoridades ganhar tempo e reagir mais rapidamente. Em Portugal, os primeiros casos foram registrados a 2 de março, um mês depois de Espanha e Itália. As medidas de isolamento foram impostas a 18 de março, quando havia apenas 448 casos confirmados no país. Roma e Madrid mudaram quando as infeções já iam em vários milhares".

É ainda destacado "o clima político mais descontraído", considerando que "a oposição disse imediatamente que estava disposta a colaborar com o governo socialista de António Costa, enquanto em Espanha, a Direita nunca desistiu de atacar o executivo". Recorde-se que Rui Rio já tinha sido 'aplaudido' em Espanha por ter manifestado apoio ao Executivo, apesar de ser o líder do principal partido da oposição.

Adicionalmente, Portugal concedeu autorização de residência temporária a todos os imigrantes que aguardam regularização, permitindo-lhes assim acesso ao SNS. A questão "não causou grande controvérsia, o que é impensável em Espanha e Itália", diz a imprensa internacional.

O Internazionale cita ainda o Der Spiegel, que aponta outra possível explicação para o facto de Portugal registar um número inferior de infetados e de mortes quando comparado com os congéneres europeus: "Em Portugal muitos idosos são vacinados contra a tuberculose, um elemento que está correlacionado com uma menor taxa de infeção".

Apesar de Portugal estar a conseguir, ao que tudo indica, controlar a pandemia, "dificilmente poderá permanecer imune às suas consequências económicas", destaca o artigo. Segundo o ministro das Finanças, Mário Centeno, "o país está a caminhar para uma crise cinco vezes pior que na década passada, e pode levar dois anos para voltar aos níveis de 2019".

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