Fontes aeroportuárias e diplomáticas explicaram à agência Lusa que o voo foi organizado por Espanha para transportar cidadãos europeus, entre eles os portugueses, que tinham ficado retidos na Venezuela, devido à restrição de voos decorrente da pandemia do novo coronavírus.
O avião, um Airbus A340-313 (A343) que chegou na noite de quarta-feira a Caracas, partiu de Maiquetía pelas 17h10 locais (22h10 em Lisboa) para Madrid, com mais de 300 pessoas a bordo.
Uma vez em Madrid, os passageiros portugueses vão seguir viagem para Lisboa de autocarro, devendo cumprir uma quarentena.
"Abrimos o check-in pelas 12h00 horas locais [17h00 horas em Lisboa]. São 30 portugueses que viajaram recentemente para a Venezuela e que pediram para ser repatriados, porque vieram ver a família e ficaram apanhados", explicou o cônsul-geral de Portugal em Caracas.
Lícinio Bingre do Amaral precisou que estes portugueses residem em Portugal continental, com exceção de um que seguirá depois para a Madeira.
"Há mais gente [da Madeira], pelo menos sete madeirenses ficaram em terra [na Venezuela], porque não conseguiram arranjar os bilhetes para o Funchal", disse.
O diplomata precisou que ficaram ainda mais portugueses em lista de espera, porque não havia lugar no voo.
"As pessoas que residem em Portugal e que estão cá de férias ou de negócios que façam saber ao consulado que estão interessados em regressar, para ficar em lista de espera, se houver um novo voo", frisou.
Na Venezuela alguns passageiros portugueses tiveram que conseguir um salvo-conduto e gasolina para poder chegar ao Aeroporto, entre eles um luso que estava em Barquisimeto (365 quilómetros a oeste da capital).
Em 26 de março, esta mesma companhia aérea realizou o primeiro voo organizado pela Espanha para transportar cidadãos europeus, no qual foram repatriados 18 cidadãos portugueses.
Segundo fontes aeroportuárias estão previstos voos de repatriamento de cidadãos de brasileiros e paraguaios, para esta sexta-feira e sábado, respetivamente.
Na Venezuela estão oficialmente confirmados 197 casos de pessoas infetadas e nove mortes associadas ao coronavírus.
A Venezuela está desde 13 de março em estado de alerta, o que permite ao executivo decretar "decisões drásticas" para combater a pandemia.
O estado de alerta foi decretado por 30 dias e prolongado por igual período.
Os voos nacionais e internacionais estão restringidos no país.
Desde 16 de março que os venezuelanos estão em quarentena e impedidos de circular livremente entre os vários estados do país.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 141 mil mortos e infetou mais de 2,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 465 mil doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 629 pessoas das 18.841 registadas como infetadas.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa quatro mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos, como Dinamarca, Áustria ou Espanha, a aliviar algumas das medidas.