As aulas pela televisão, na RTP Memória, arrancam na próxima segunda-feira, dia 20, e são um complemento nas aulas à distancia que vão marcar todo o terceiro período do ensino básico devido à pandemia de Covid-19.
"Foi tudo preparado em tempo recorde", assinala o ministro da tutela da Educação em entrevista à SIC Notícias, lembrando que em causa está a gravação de 65 blocos semanais.
A telescola - "uma operação relâmpago" - conta com mais de uma centena de professores, incluindo de língua gestual, de várias escolas e de todas as áreas disciplinares.
"Basicamente, passámos de um paradigma de um contexto de escola presencial, aquele que tínhamos nas últimas décadas, e de repente fomos todos confrontados com a necessidade de termos as crianças e jovens em casa e os professores a ensinar à distância", sublinhou o governante, reconhecendo ser "muito difícil encontrar soluções imediatas e eficazes para todos os alunos".
Nesse sentido, explicou o ministro, "procurámos soluções que, à partida, possam ser o mais alargadas possível", ou seja, o recurso à televisão, um "complemento" ao ensino sobretudo para os alunos que ainda não têm outros meios (computador e Internet).
Comparando a Telescola que arranca na próxima segunda-feira com a do passado, Tiago Brandão Rodrigues destacou as evidentes diferenças. "A Telescola era diferente, era semi-presencial, os professores estavam na caixinha mágica, mas depois existiam sempre monitores que estavam com a turma presencialmente. O que temos aqui é uma estratégia diferente, um conjunto de blocos temáticos (9h às 18h), é uma estratégia complementar para coadjuvar o trabalho dos professores".
Quanto aos conteúdos, o ministro lembrou que as escolas e os professores têm autonomia para os adaptar, assinalando que os blocos pedagógicos da Telescola são "de largo espectro". "Por muito que os professores não estejam exatamente naquele ponto da matéria, são blocos que podem servir para novas aprendizagens ou reforçar outras", explicou, sintetizando que os blocos abrangem todos os níveis de ensino do ensino básico e todas as áreas disciplinares.
Reconhecendo que nem todos os alunos têm acesso aos mesmos instrumentos de ensino, Tiago Brandão Rodrigues sublinhou que foram dadas orientações às escolas que discutiram internamente quais seriam as melhores estratégias, consoante a realidade concreta com que se deparam. Neste ponto, o ministro destacou o papel da sociedade civil, que se "tem mexido de forma muito árdua", assim como das juntas de freguesia.
De todo o modo, sempre que não é possível fazer um ensino através da Internet, usam-se os telefones, disse ainda o ministro, acrescentando que as as escolas são fundamentais na construção de "pontes" para "não deixar ninguém para trás". "Fazem isso todos os dias", frisou.
Um modelo "menos facilista"
Sem avançar datas sobre a possível reabertura das aulas presenciais aos alunos do 11.º e 12.º anos, Tiago Brandão Rodrigues disse que será feita uma reavaliação juntamente com os epidemiologistas mais próximo de 4 de maio. Em todo o caso, se esse regresso às aulas presenciais se verificar, acontecerá com um conjunto de regras de higiene de distanciamento social, recordou.
Questionado sobre a possibilidade de reter alunos, o ministro deu o exemplo de Itália que decretou a passagem administrativas para todos os estudantes, considerando que Portugal seguiu um modelo "menos facilista".
"O que nós dissemos foi que o processo de aprendizagem, ainda que com todas as condicionantes, tem que continuar a acontecer. O que nós fizemos é aquilo que é menos facilista, tivemos de construir aqui um modelo possível, não sendo o ideal, e nesse sentido nunca foi equacionado reter todos os nossos alunos".
O que está a ser equacionado, completou o governante, "é que no próximo ano letivo vamos ter um conjunto de estratégias de recuperação para mitigar os efeitos" da atual situação.