Número de infetados "é fiável", mas DGS pede "cautela"
Os dados do boletim desta sexta-feira da Direção-Geral de Saúde (DGS) dão conta do número mais baixo do mês de novos infetados por Covid-19 no país, apenas 181. Um crescimento inferior a 1% e que é "consistente quer com aquele planalto em que estávamos quer com a tendência descida", disse Graça Freitas, pedindo, no entanto, "cautela" na interpretação diária dos números.
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País Pandemia
O secretário de Estado da Saúde referiu esta sexta-feira na conferência diária da DGS que o país ultrapassou "a capacidade instalada de 11 mil testes por dia", reafirmando que "o aumento do número de testes não se reflete num aumento proporcional de amostras positivas".
António Sales deu conta que esta semana foram distribuídos 272 mil testes pelas administrações regionais de saúde e nas regiões autónomas, mais 8 mil do que inicialmente previsto.
"A resposta tem sido dinâmica e ajustável à fase epidemiológica", sustentou, adiantando que "em breve serão distribuídos os primeiros 5 mil testes de biologia molecular", ou seja, "testes que permitem resultados em 45 minutos ou 1 h e que devem ser usados preferencialmente em ambiente hospitalar", nomeadamente em casos de urgência, pré-cirurgia ou de tratamentos no âmbito da oncologia.
De acordo com o governante, à "data de hoje", foi reforçada a capacidade de ventiladores em mais 426". Estes, precisou, resultam de encomendas, doações e empréstimos, assim como o reforço de ventiladores já existentes (já foram recuperados 87).
Lembrando as dificuldades e o atraso do material adquirido, António Sales anunciou ainda que está prevista para a próxima semana a chegada de um voo vindo da China com 65 ventiladores, devendo os restantes, chegar, faseadamente, nas duas semanas seguintes.
No que toca à disponibilidade de camas nos cuidados intensivos, o secretário de Estado referiu que esta é variável e que há "situações muito distintas em todo o país". No entanto, "temos cerca de 350 camas no nível 3 disponíveis no momento".
Precisamos também de renovar a confiança de que este é o caminho de que todos temos de continuar a percorrer
Terceira semana de Estado de Emergência
Sobre a fase em que o país se encontra, a entrar quase na terceira semana do Estado de Emergência, o secretário de Estado enfatizou que "precisamos também de renovar a confiança de que este é o caminho de que todos temos de continuar a percorrer", acrescentando que "infelizmente não há atalhos". "Interessa neste momento decisivo, e de grande responsabilidade, que não deitemos a perder os resultados do enorme sacrifício das últimas semanas", apelou ainda.
Ainda no domingo, e relativamente a testes em geral, António Sales informou que chegaram 900 mil testes a Portugal, e anteontem, 10 mil kits de extração manual o que, em conjunto com as zaragatoas, "nos dá uma boa capacidade de testagem".
Questionado sobre o número de médicos intensivistas, o secretário de Estado relembrou que há 250 destes profissionais em Portugal, acrescentou que há um conjunto de outros profissionais "aptos a utilizar os ventiladores e a trabalhar em unidades de cuidados intensivos".
António Sales reiterou ainda o apelo aos doentes não Covid-19 para que não tenham "medo de recorrer aos hospitais". "Recorram ao médico de família, à linha de Saúde 24 e, se necessário, podem recorrer aos serviços de urgência", reforçou.
Retomar da vida normal deve ser "equilibrado"
Respondendo a questões dos jornalistas, Graça Freitas disse que "há países com curvas completamente diferentes" e que os que estão a pensar na retoma da atividade normal, faseada ou não, fazem-no devido à evolução das respetivas curvas. "Foram curvas que se achataram e que se estão a aproximar de situações de crescimento estável". Dito isto, sinalizou a diretora-geral, "os países têm recomendado coisas diferentes", quer estratégias diferentes para grupos profissionais diferentes, como nas medidas em si.
Graça Freitas voltou a lembrar que a DGS seguiu sempre as recomendações internacionais, explicando que o uso de máscaras comunitárias faz parte de "um conjunto imenso de medidas" que também não têm sido obrigatórias. A principal medida, enfatizou, é a higiene frequente das mãos. Essa é uma medida "primordial", assim como o "distanciamento social" e ainda a etiqueta respiratória, enumerou. É ainda importante a "limpeza das superfícies", tendo em conta que o vírus sobrevive durante horas.
As máscaras é mais uma medida, que serve "como barreira", que integra o conjunto de medidas que está a ser "preconizado pelos países para nos permitir sair da fase do confinamento e isolamento em que estamos". "Vamos ter de balançar duas coisas, voltar à normalidade possível, mas essa normalidade tem de ser executada com outras práticas", sustentou.
"Temos que tentar e fazer tudo para voltar à nossa atividade social e laboral, mas temos que fazer isto de forma equilibrada", frisou Graça Freitas, sublinhando que o vírus tem uma vida própria, é como se fosse uma mola, e que a população portuguesa "vai ter de aprender a viver com três dinâmicas diferentes: as dos serviços de saúde, a da sociedade e a do próprio vírus".
"Se conseguirmos fazer isto não abolimos os efeitos negativos da pandemia, mas pelo menos mitigamos e reduzimos, conciliando com o que desejamos que é voltar a ter uma atividade social e económica como tínhamos antes da era covid", referiu, pedindo "disciplina" aos portugueses.
Não podemos ser demasiado pessimistas num dia em que haja um aumento, nem demasiado otimistas num dia em que há uma redução
Número de mortes e de infetados desceu
Sobre os dados do boletim de hoje, que dão conta de um número de novos infetados de apenas 181, Graça Freitas assegurou que se trata de "um número certo e confirmado".
"Perguntámos praticamente a todo o país se corresponderia à realidade, [181] é um número fiável, mas para o qual temos que olhar com cuidado", sublinhou a responsável, pedindo "cautela" na interpretação dos dados. "É um dia, não podemos olhar só para um dia, temos que olhar para uma série temporal", disse.
No entanto, a realidade é que "este número também é consistente quer com aquele planalto em que estávamos quer com a tendência descida de planalto e também com a consistente com as projeções dos cientistas".
Apesar disso, "temos que esperar mais uns dias e ver se a tendência se mantém". Ou seja, "não podemos ser demasiado pessimistas num dia em que haja um aumento, nem demasiado otimistas num dia em que há uma redução". É certo que "temos tido um achatamento da curva, um planalto com tendência descendente, mas temos de aguardar mais dias para saber o significado dos números de hoje", insistiu.
Confira no vídeo abaixo a conferência de imprensa diária:
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