"Esperamos que no final da próxima semana possamos retomar progressivamente a atividade normal" que tinha sido suspensa por causa da pandemia, disse Marta Temido na conferência de imprensa diária sobre a evolução da doença da covid-19 em Portugal.
A governante acrescentou que este reagendamento pressupõe "um conjunto de aspetos logísticos fundamentais" e que vai começar pelos casos mais prioritários.
Para a reabertura da atividade normal nas unidades de saúde será adotado um conjunto de medidas como "reforço de equipamento de proteção" de profissionais, higienização e reorganização de locais como as salas de espera.
"O que vamos fazer, nos próximos dias, é o reagendamento da atividade assistencial não realizada [desde que foram suspensas atividades não urgentes para dar resposta aos casos de covid-19]. Daremos prioridade aos casos com indicação clínica para tal, numa avaliação que vai ter de ser feita em articulação com prestadores de serviços de saúde. É mais um desafio para o Serviço Nacional de Saúde [SNS]", explicou.
A ministra disse ainda que o despacho de março que determinou o cancelamento de consultas e cirurgias programadas não urgentes "vai ser suspenso na próxima semana", em articulação com as Administrações Regionais de Saúde, os agrupamentos de Centros de Saúde e os hospitais.
"Os desafios do SNS estão longe de estar ultrapassados, tal como os dias de intenso trabalho", frisou.
Marta Temido revelou que "a quebra da atividade assistencial programada foi muito significativa", nomeadamente no que diz respeito a consultas hospitalares.
De acordo com a ministra, realizaram-se, em março, "menos 180 mil consultas" programadas em hospitais, uma redução de 5,7%.
Já as consultas médicas nos cuidados de saúde primários "tiveram uma redução de 3,9%", o equivalente a cerca de "300 mil consultas de quebra".
Realizaram-se menos nove mil cirurgias, ou seja, houve nesta área uma "redução de 5,3%".
Os episódios de urgência baixaram 11,5% e os serviços de emergência médica tiveram uma redução diária correspondente a 300 acionamentos.
"Está na altura de invertermos esta lógica", vincou, explicando que, em março, a decisão de suspensão se deveu à necessidade de "afetar recursos à prestação de cuidados a doentes covid-19".
A ministra frisou ainda que foram aprendidas "lições positivas para manter", nomeadamente o "incentivo à atividade assistencial não presencial para renovação de receituário" ou o "encaminhamento de situações triadas como verdes, azuis e brancas para os cuidados primários de saúde".
"Vamos continuar a privilegiar o atendimento telefónico, a presença reduzida ao mínimo, mas atividade assistencial adiada vai ser realizada no mais curto espaço possível", resumiu.
Marta Temido assegurou ainda estarem a ser tomados "todos os cuidados e medidas para que não haja qualquer risco para doentes não covid" nas unidades de saúde.
"Não devem ter qualquer receio de recorrer ao SNS", garantiu.
Portugal regista 687 mortos associados à covid-19 em 19.685 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
Relativamente ao dia anterior, há mais 30 mortos (+4,6%) e mais 663 casos de infeção (+3,5%).
Das pessoas infetadas, 1.253 estão hospitalizadas, das quais 228 em unidades de cuidados intensivos, e 610 foram dadas como curadas.
O decreto presidencial que prolonga até 02 de maio o estado de emergência iniciado em 19 de março prevê a possibilidade de uma "abertura gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais".