"Ninguém tenha ilusão de que a partir de maio vamos viver como vivíamos"

O primeiro-ministro António Costa esteve reunido com o Cardeal-Patriarca, D. Manuel Clemente, na manhã desta segunda-feira.

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Notícias Ao Minuto com Lusa
20/04/2020 10:17 ‧ 20/04/2020 por Notícias Ao Minuto com Lusa

País

Covid-19

António Costa esteve reunido com o Cardeal-Patriarca, D. Manuel Clemente, na manhã desta segunda-feira, no Seminário dos Olivais, em Lisboa. No final da reunião, o primeiro-ministro disse o país não pode viver "permanentemente na atual situação clausura", mas, por outro lado, não vai poder retomar a normalidade até haver uma vacina para a Covid-19.

"Do ponto de vista sanitário e de higienização poderemos começar a aliviar estas medidas de contenção e, sabendo que maio é um mês particularmente importante para a Igreja católica, naturalmente, é em diálogo com a Igreja que queremos ver como podemos viver, em conjunto, esse período", começou por dizer António Costa, salientando, contudo, que ainda não estamos fora de perigo.

"Até final de abril o máximo de contenção e depois vamos aliviar medidas, mas ninguém tenha a ilusão que a partir de maio vamos  viver como vivíamos até ao mês de fevereiro, porque vamos ter de viver com este vírus até termos vacina e isso não vai acontecer nos próximos meses", frisou.

O primeiro-ministro considerou também, durante a mesma intervenção, que a Igreja Católica tem sido exemplar no combate à propagação da Covid-19 e frisou que o objetivo é continuar a compatibilizar a celebração da fé e as regras de proteção social.

"Estamos em diálogo com a Igreja Católica, assim como com outras instituições, de forma a compatibilizar a celebração da fé com as regras de proteção social que terão de ser mantidas para travar a pandemia", declarou o líder do executivo.

Perante os jornalistas, o líder do executivo não se referiu especificamente à forma como vão decorrer as celebrações das aparições de Fátima, assim como em relação outras celebrações marianas também em maio, apenas mencionando que o bispo de Leiria/Fátima, cardeal D. António Marto, já tomou decisões relativamente" a esse assunto.

Por outro lado, para terça-feira, está prevista uma reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal, onde novas orientações serão dadas relativamente a esse conjunto de celebrações em Fátima.

Após esta reunião com D. Manuel Clemente, o primeiro-ministro optou por manifestar ao cardeal Patriarca de Lisboa o "reconhecimento pelo grande esforço e exemplo que a Igreja Católica tem dado" ao longo do período de estado de emergência em Portugal e, em particular, durante a quadra pascal.

Nesta reunião, "falámos como a partir de maio poderemos encontrar um maior ponto de normalidade nas celebrações religiosas, tendo em conta a previsão de que, se mantivermos o grande esforço, disciplina e contenção até ao final do mês, poderemos consolidar a trajetória verificada desde março. Portanto, podemos começar a encarar maio de uma forma diferente daquela que temos vivido nos últimos dois meses", declarou.

Segundo o líder do executivo, a Igreja Católica não necessitou do estado de emergência para começar a aplicar as regras essenciais de afastamento social".

Pela parte do Governo, António Costa repetiu que o Governo vai fazer uma próxima avaliação sobre a situação epidemiológica existente do país no dia 28 deste mês.

"No Conselho de Ministro de 30 de abril, iremos definir orientações no sentido de como, de forma gradual e em segurança, se poderá começar a retirar várias restrições que têm vigorado", afirmou.

Neste ponto, o primeiro-ministro salientou ainda que, além da Igreja Católica, irá falar com outras confissões religiosas, designadamente com os muçulmanos, que entrarão em breve no período do Ramadão.

Comemorações do 25 de abril? "Este não é momento para divisões"

O primeiro-ministro pediu hoje "bom senso" e considerou que a polémica sobre as comemorações do 25 de Abril no Parlamento é resultado de algum "nervosismo" e "fadiga", frisando que a Assembleia da República está a funcionar.

António Costa transmitiu esta posição depois de uma reunião com o cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, no Seminário nos Olivais, após ser confrontado com a polémica em torno das comemorações do 25 de Abril, no sábado, na Assembleia da República.

"Estamos a chegar a uma fase em que, naturalmente por cada vez maiores necessidades económicas e sociais, por cada vez maior cansaço e fadiga relativamente às medidas de contenção, está tudo a ficar excessivamente nervoso para aquilo que é recomendável, depois da forma exemplar como temos vivido todo este período", reagiu o líder do executivo.

Relativamente a esta polémica em torno das comemorações do 25 de Abril na Assembleia da República, António Costa recomendou então que haja "bom senso" neste período de combate à propagação do novo coronavírus.

"Temos conseguido viver este período de estado de emergência sem suspender o nosso regime democrático. Ainda na semana passada houve um plenário na Assembleia da República para renovar o estado de emergência e, na quarta-feira, está marcado um debate quinzenal com o primeiro-ministro", apontou.

Ou seja, segundo António Costa, a Assembleia da República "tem mantido a sua atividade, naturalmente com níveis limitados à participação, tendo em conta as regras que todos têm de manter em termos de afastamento social".

"Não me cabe pronunciar sobre as regras da vida interna da Assembleia da República, mas registo que o Parlamento tem vindo a manter o seu funcionamento normal com os condicionamentos próprios da atual circunstância. Acho que este não é o momento para divisões, mas para todos nos mantermos unidos", sustentou.

Neste contexto, António Costa fez ainda referência à forma como se espera que decorram as comemorações oficiais do 1º de Maio.

"Sem prejuízo da celebração do Dia do Trabalhador, nada deve acontecer que ponha em causa a saúde", disse, especificando mesmo que não se devem realizar "manifestações que coloquem riscos para a saúde pública".

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