Nesta parcela do grupo Oriental açoriano, já considerada "o Algarve dos Açores", com cerca de 5.600 habitantes concentrados na sua maior parte em Vila do Porto, sede do único concelho, José Humberto Chaves, antigo presidente da Câmara Municipal e provedor da Santa Casa da Misericórdia, diz que "as pessoas estão a cumprir religiosamente com as orientações".
Em declaração à Lusa, o antigo autarca admite que o encerramento das ligações aéreas "foi ótimo" e também contribuiu para o registo até agora nulo de casos da covid-19, mas salvaguarda que quando se reabrir a ilha "tem de ser com a garantia de que não vem ninguém".
"São as pessoas que estão a fazer a diferença, porque estão a cumprir com as recomendações, ficando em casa", declara José Humberto Chaves, que, ressalvando a complexidade da questão de saúde pública, não sabe "se amanhã será ainda assim".
A Santa Casa da Misericórdia de Vila do Porto possui um lar com 58 utentes que, contrariamente a outros espaços na região e no país, "está a funcionar sem problemas" e de acordo com o seu plano de contingência.
A instituição promoveu uma angariação de fundos que permitiu adquirir monitores e outros equipamentos, no valor de 20 mil euros, para o Centro de Saúde de Vila do Porto.
Para Aida Amaral, responsável por uma unidade hoteleira de Vila do Porto, o 'segredo' prende-se com o facto de a população "ser ordeira" - "não se vê ninguém na ilha", estando as pessoas "confinadas em casa".
"Esporadicamente as pessoas vão ao centro da vila às suas compras, nos supermercados, quando vem o navio com abastecimentos", declara a gestora.
Paulo Reis, empresário da área da animação turística, está convicto de que a população da ilha "teve muita sorte", beneficiando também de o Governo Regional ter condicionado o acesso aérea e ter imposto as quarentenas a quem chega.
O empresário sublinha que a maioria das pessoas "compreendeu e respeitou as medidas de contingência e isolamento", mas defende que está na altura de reabrir o espaço aéreo, vários serviços e espaços "com cautela", procurando o "equilíbrio entre as vidas humanas e a economia".
Eventualmente, diz, pode recorrer-se à realização de testes a quem viajar para Santa Maria.
A ilha era considerada a "placa giratória" dos Açores por no seu aeroporto passar a maior parte do tráfego aéreo entre o Norte da Europa e a América Central e do Sul, bem como no sentido inverso.
Há algumas décadas, era no aeroporto de Santa Maria, onde já funcionou uma base militar, que embarcavam e desembarcavam os passageiros de e para destinos no exterior dos Açores.
Serviu de destino, escala de trânsito e técnica para voos intercontinentais de e para a Europa, Américas do Norte, Central e Sul, bem como para as Caraíbas, para as principais companhias de aviação da época, entre as quais de destacaram a Aeroméxico, Air France, Avianca, Canadian Pacific Air Lines, Iberia, KLM, Pan American World Airways, Panair do Brasil, Swissair, Trans World Airlines.
A agricultura e o turismo constituem as principais fontes de receita da ilha, tendo-se investido, nos últimos anos, em valências relacionadas com o Espaço.