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Doentes não internados considerados curados com apenas um teste negativo

Briefing diário da DGS sobre o estado da pandemia em Portugal conta, este sábado, com a Ministra da Saúde, Marta Temido, e a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas.

Doentes não internados considerados curados com apenas um teste negativo
Notícias ao Minuto

13:20 - 25/04/20 por Notícias Ao Minuto

País Covid-19

A conferência de imprensa diária de atualização de informação relativa à infeção pelo novo coronavírus, conta, este sábado, com a presença da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, e da Ministra da Saúde, Marta Temido.

Como tem sido habitual, a atualização dos dados da Covid-19 em Portugal é feita a partir do Ministério da Saúde, na Avenida João Crisóstomo, em Lisboa.

O briefing diário começou com a interveção de Marta Temido. A ministra da Saúde relembrou que, nas últimas 24 horas, foram infetadas com Covid-19 mais 595 pessoas e 26 dos infetados acabaram mesmo por morrer. Contudo, salientou também a governante o número de recuperados (1.277) continua a ser maior que o de mortos (880).

Infetados sem internamento são considerados curados apenas com um teste negativo

Posteriormente, Marta Temido explicou que há uma mudança no critério para dar um doente como recuperado. Agora, “está livre de doença quem tenha tido os seus sintomas resolvidos, ultrapassados e, simultaneamente, tenha testado negativo para a Covid-19. A diferença face à situação anterior, para doentes que não tenham tido internamento hospitalar, é um teste negativo após 14 dias depois do início de sintomas, enquanto que, para os doentes que tenham tido internamento, mantém-se o critério de dois testes negativos, com intervalo de 24 horas”, disse.

Sobre este assunto, Graça Freitas explicou que, a partir de agora, os pedidos de teste ao novo coronavírus passam da linha Saúde 24 para a competência dos centros de saúde e que os doentes com sintomas ligeiros só têm de ter um resultado negativo, em vez de dois, para serem considerados recuperados.

"Temos de aprender a viver com a Covid-19"

Marta Temido salientou que “na última semana temos trabalhado intensamente na preparação de um eventual desconfinamento”, mas recordou que “a curto e médio prazo, não vamos erradicar a doenças e temos de aprender a viver com a SARS-COV-2. Toda a agenda que está em construção, a preparação que está a ser feita não significa que o problema está ultrapassado, apenas começamos a antecipar a luz ao fundo do túnel, mas ainda não lá chegamos”.

Ainda sobre um eventual desconfinamento, a ministra da Saúde disse que este “exige o respeito por todas as medidas de saúde pública” e “não significa um regresso à normalidade”, algo que, “só será possível” quando houver uma vacina, cuja “preparação e eventual aplicação será reavaliada e modificada em função da evolução das circunstâncias, sendo antecipável que o progresso se construa com avanços e recuos”.

Para este eventual desconfinamento, a governante revelou que há três critérios a ter em atenção: “Critérios epidemiológicos que mostrem que a infeção se encontra controlada, critérios de capacidade de resposta do SNS que mostrem que os serviços têm capacidade de responder às necessidades, sejam elas Covid ou não Covid, e critérios de vigilância que mostrem a resposta a testes, rastreios de suspeitos e isolamentos de casos”.

Sobre este mesmo assunto, a diretora-geral da Saúde apelou à população para “não abrandarmos o nosso nível de contenção”. “Mesmo que se venha mais para a rua porque, o dito passeio higiénico, também faz bem, temos de fazê-lo de forma regrada, de evitar ajuntamentos, não irmos todos para os mesmos sítios e criarmos sempre em relação às pessoas o célebre distanciamento social”, alertou.

Nos “próximos tempos”, frisou Graça Freitas, vai ser essencial encontrar um “equilíbrio”, “vamos ter de tentar manter a nossa saúde mental, tentar manter a sociedade e a economia a funcionar, mas não pôr em risco a saúde pública”.

"É um 25 de abril menos leve"

Ainda durante a conferência da DGS, Marta Temido não quis deixar de assinalar 25 de Abril. “É um 25 de abril menos leve [...]. Mas quando o SNS, com o empenhamento insuperável de todos os seus profissionais, responde com eficácia a um quadro tão difícil, penso que se fez a prova de que tinham razão os que o construíram. Fica uma obrigação de o manter, de o melhorar como um pilar fundamental [...]. Não assinalar o 25 de Abril seria admitir que viveríamos bem sem ele”, disse a ministra da Saúde, que hoje trouxe um cravo na lapela do blazer.

Já Graça Freitas, ainda sobre a polémica das comemorações do 25 de Abril, na Assembleia da República, disse que "a Assembleia da República (AR) hoje deu um exemplo de como se pode compatibilizar a comemoração de uma data importante para o nosso país com regras de controlo de infeção, com regras de segurança, com regras de proteção da saúde”, acabando mesmo por elogiar o “excelente” plano de contingência do Parlamento.

Sobre a não utilização de máscaras, por parte dos políticos que estiveram presentes na AR, a  diretora-geral da Saúde, reiterou que as máscaras apenas devem ser usadas quando não é possível manter o distanciamento social.

“Que fique claro que nós dizemos sempre que as máscaras podem e devem ser usadas em meios interiores, quando esses meios interiores não permitirem o distanciamento social. Nós estamos nesta sala e não estamos com máscara porque estamos a cumprir as regras de distanciamento”, exemplificou. 

Menos 185 mil urgências até ao final de março

Marta Temido divulgou hoje que, até ao final de marçoforam realizadas cerca de menos 325 mil consultas de cuidados de saúde primários e menos 360 mil consultas de enfermagem nos cuidados de saúde primários. Houve ainda um  decréscimo de cerca de 181 mil consultas médicas hospitalares, nove mil cirurgias e uma diminuição de 185 mil episódios de urgência. Sobre esta questão, a governante admitiu querer "estimular o recurso às consultas não presenciais, ainda mais e torná-las uma prática ainda mais comum”.

Contrato revogado por “incumprimento do prazo contratual de entrega” de máscaras

Sobre o contrato para aquisição de equipamentos de proteção individual, na sequência da pandemia da Covid-19, com a empresa FHC -Farmacêutica que tinha um valor de mais de 19,6 milhões de euros, Marta Temido revelou que este foi revogado por uma questão de “incumprimento do prazo contratual de entrega”. “Não é uma situação incomum. Um dos fornecedores de máscaras não respeitou o prazo de entrega das mesmas e houve uma revogação do contrato”, esclareceu a governante.

Testes serológicos. “Estamos a fazer um caminho de aprendizagem"

Sobre o projeto-piloto, que o Instituto Ricardo Jorge está a preparar, para submeter a testes serológicos a cerca de dois mil portugueses, Graça Freitas reiterou o grande desconhecimento que a comunidade científica tem ainda sobre a imunidade ao novo coronavírus. “Estamos a fazer um caminho de aprendizagem destes testes serológicos, sendo que, à data, nós não conseguimos, com segurança, interpretar estes resultados. Há presença de anticorpos, é suposto que exista, mas não sabemos ainda interpretar essa presença. Se são em quantidade suficiente, se essa quantidade é suficiente para dar proteção, se essa proteção vai durar durante muito ou pouco tempo", explicou a diretora-geral da saúde.

Consulte aqui informação mais detalhada sobre a pandemia por concelho. 

Acompanhe em direto a conferência de imprensa da DGS:

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