"Iremos comunicar esse possível alívio ou não das medidas implementadas nas últimas semanas dentro do mais curto espaço de tempo, compreendendo toda a ansiedade e o desejo da população", avançou Tiago Lopes, em Angra do Heroísmo, no ponto de situação diário sobre a evolução do surto na região.
O também diretor regional da Saúde dos Açores salientou, no entanto, que esse alívio de medidas, a existir nas próximas semanas, deve ser feito com "a devida cautela".
"O surto não se pode dizer, de forma perentória, que está controlado. Temos de manter, na mesma, aquelas medidas de precaução básicas que temos vindo de forma insistente a transmitir", frisou.
Tiago Lopes defendeu que a nova realidade, após o levantamento das medidas restritivas, vai exigir "um novo contrato social" e o cumprimento do distanciamento físico, das regras de etiqueta respiratória, da lavagem frequente das mãos e do uso de máscaras comunitárias em ambientes fechados ou com maior circulação de pessoas.
"Vai exigir de todos nós a manutenção de alguma atividade mais regrada, que não vai ser o normal a que todos nós estávamos habituados. Vai ser uma fase de adaptação nos mais diversos âmbitos, seja no turismo, seja nos transportes, na saúde", reiterou, alegando que o regresso à normalidade não pode descurar a "possibilidade de ocorrência de um novo foco infecioso".
Questionado sobre o facto de já algumas empresas nos Açores, como cabeleireiros e clínicas, se prepararem para retomar a sua atividade na segunda-feira, Tiago Lopes disse que essa situação está a ser acompanhada em conjunto com a PSP, para evitar que existam "interpretações erróneas ou excessivas daquilo que foi comunicado" pelo Presidente da República.
"Essas situações que vão sendo detetadas vamos corrigindo pontualmente no sentido de melhor elucidar e esclarecer os diferentes responsáveis ao nível do comércio local e da população em geral sobre aquilo que irá ocorrer ao longo dos próximos dias. Havendo ainda essa incerteza sobre o que irá ocorrer ao longo dos próximos dias, porque estamos a fazer essa avaliação, a seu tempo iremos comunicar de que forma é que irão ocorrer essas alterações", afirmou.
Quanto à proibição de circulação entre concelhos, de 01 a 03 de maio, Tiago Lopes disse igualmente que essa possibilidade ainda estava a ser estudada nos Açores, alegando que a decisão seria comunicada "a seu tempo".
"Tem de ser realizada de forma concertada e articulada. Nos últimos dias, a evolução do surto tem sido mais favorável. Temos de atender a essa evolução, àquilo que são as nossas perspetivas e aos cenários futuros num curto espaço de tempo, atendendo àquilo que já foi comunicado no que diz respeito à continuidade do estado de emergência e das medidas mais restritivas que têm sido implementadas na região", afirmou.
Também estão ainda a ser "avaliadas" as medidas a adotar pela região face a uma retoma dos voos diários da TAP para os Açores, nomeadamente a obrigatoriedade ou não de quarentena à chegada.
"Não tendo tutela direta sobre as decisões tomadas naquilo que concerne a esse assunto em particular, estamos a fazer esse acompanhamento e essa avaliação sobre aquilo que irá ser a nossa resposta e a nossa atitude e comportamento ao abrigo daquilo que é o estatuto político-administrativo próprio da região para melhor lidarmos com essa nova realidade e com o regresso à normalidade", apontou o responsável da Autoridade de Saúde Regional.
Os Açores estão há sete dias sem registo de novos casos positivos de infeção pelo novo coronavírus.
Desde o início do surto foram confirmados 138 casos da covid-19 nos Açores, 90 dos quais atualmente ativos, tendo ocorrido 37 recuperações (23 em São Miguel, oito na Terceira, cinco em São Jorge e uma no Pico) e 11 mortes (em São Miguel).
A ilha de São Miguel é a que registou mais casos (100), seguindo-se Terceira (11), Pico (10), São Jorge (sete), Faial (cinco) e Graciosa (cinco).