O Ministério da Educação enviou na terça-feira às escolas orientações para o regresso às aulas em regime presencial, que arrancam em 18 de maio os alunos do 11.º e 12.º anos.
Entre as orientações estão o uso de máscara para conter a disseminação do novo coronavírus, normas para a disposição das salas de aula, horários desfasados entre as turmas e intervalos reduzidos ao máximo, tendo os alunos de permanecer dentro das salas.
Hoje, em comunicado, a Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) diz que "este regresso será alegadamente para que os alunos tenham contacto com os seus professores antes dos exames, que lhes permitam preparar-se melhor" para as provas.
"A coberto de um argumento válido, pensamos que se procura um grupo-alvo de estudo em meio semi-controlado para que se teste a imunidade coletiva. Não se pode permitir isto, pois os nossos filhos e educandos não são cobaias", realça a Confederação.
A CNIPE considera também que as orientações do Ministério da Educação que indicam que as aulas devem regressar para as turmas de exame (e não para os alunos que vão ter exame), vão fazer aumentar o risco de mais pontos de contacto/potencial contágio.
"Esperemos que tal não venha a acontecer", é referido.
Contudo, a Confederação quer saber o que vai acontecer se se confirmar o contágio por covid-19 numa escola nesta fase.
"O que vai acontecer? Os alunos desta escola vão ser dispensados dos exames? Há necessidade dos nossos filhos correrem este risco", questiona a CNIPE.
Na nota, a confederação chama também a atenção para "relatos conhecidos publicamente que dão conta de que ainda não estão reunidas as condições de desinfestação e higienização das escolas".
Por isso, entende que o apoio dado aos alunos através da internet, que "tem sido fundamental e positivo", deve continuar.
"Entende a CNIPE que esta metodologia devia continuar e no caso dos nossos filhos e educandos terem dúvidas ou outro tipo de necessidades educativas, pode e deve ser o professor a regressar à escola e proporcionar o esclarecimento de dúvidas que exijam a utilização de quadro e outros meios que pode não ter na solução de teletrabalho", é referido.
Por isso, a Confederação defende que a melhor opção é o não regresso dos alunos à escola.
Portugal contabiliza 1.074 mortos associados à covid-19 em 25.702 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
Das pessoas infetadas, 818 estão hospitalizadas, das quais 134 em unidades de cuidados intensivos, e o número de casos recuperados passou de 1.712 para 1743.
Portugal entrou domingo em situação de calamidade, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
Esta nova fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.