A Quercus mostra-se preocupada com o risco que os resíduos descartáveis usados durante a pandemia de Covid-19 podem trazer à população e ao ambiente. A associação ambientalista começa por sublinhar que o novo coronavírus "provocou um aumento do uso de materiais descartáveis", usados em diversos setores e de variadas formas: "Equipamentos de proteção individual como luvas e máscaras; recipientes para acondicionar alimentos, como copos e embalagens, ou diversos materiais de uso único agora exigidos em cabeleireiros e serviços estéticos".
O "problema é que, muitas vezes, estes materiais são encaminhados para o destino incorreto ou abandonados de forma negligente", continua. Assim, destaca em nota enviada esta quinta-feira às redações, é "essencial alertar a população em geral e os responsáveis pelos diversos serviços e estabelecimentos abertos ao público sobre como e onde devem entregar estes resíduos após respetiva utilização".
A Quercus refere ainda que "apesar das diretrizes estabelecidas pela DGS e pelo Ministério do Ambiente" para regular o "mercado da gestão dos resíduos em tempos de pandemia" é preciso ainda "garantir o cumprimento das regras de segurança". Estas devem, defende, "ser acompanhadas de uma campanha de informação nas redes sociais e nos meios de comunicação social, sobre o destino adequado a dar a todos estes resíduos descartáveis, potencialmente contaminados".
Neste sentido, apela ao Governo para que seja possível "garantir a concretização de uma campanha nacional de sensibilização sobre o correto encaminhamento dos resíduos de materiais de proteção individual".
Perigo dos descartáveis durante pandemia
O "retorno" ao uso de materiais descartáveis, necessário neste tempo de pandemia, tem um "elevado impacte ambiental". A associação destaca que, além de resultar num "aumento generalizado na produção de resíduos", é também importante notar que "muitos destes materiais não são recicláveis": ou por "condições técnicas ou pelo risco de contaminação".
"Não podemos esquecer que os equipamentos de proteção individual, na maioria descartáveis, poderão estar em contacto com doentes infetados pela Covid-19 com ausência de sintomas, o que dificulta o diagnóstico e pode dar uma falsa sensação de segurança", frisa na mesma nota a que o Notícias ao Minuto teve acesso.
Outro dos pontos a ter em conta é que uma grande percentagem da população infetada com a Covid-19 está a ser acompanhada no domicílio. A Quercus reitera a lembrança de que os resíduos de proteção individual contaminados têm de ser "devidamente descartados no lixo indiferenciado" e não no chão ou em outros contentores, como o amarelo.
No caso dos restaurantes, que agora também usam mais embalagens descartáveis devido aos serviços de take-away, é chamada a atenção para o facto de que "terminado o Estado de Emergência e com a abertura dos cafés e restaurantes a 18 de maio", a associação acredita que, "por medo de contágio, muitos clientes terão a tendência a preferir ser servidos, mesmo que presencialmente, em materiais descartáveis, sendo que é aqui muito importante que os próprios estabelecimentos apliquem e demonstrem as medidas de higienização adotadas".
"A Quercus apela, contudo, a que não se abandonem as preocupações com o ambiente e, em particular, a gestão de resíduos, defendendo que prestada a informação correta aos portugueses e aplicados os devidos cuidados de segurança e higiene é possível conter a pandemia sem graves prejuízos ambientais", conclui.