Nos últimos três dias, depois de terminado o terceiro Estado de Emergência e de Portugal ter entrado em situação de calamidade, tem-se assistido a um aumento gradual do número de infetados (mais 553 infetados nas últimas 24 horas). Se esta evolução reflete o desconfinamento? "Talvez seja um bocadinho cedo" para analisar, considerou Graça Freitas.
Na conferência de imprensa diária de atualização de informação relativa à infeção pelo novo coronavírus, a diretora-geral da saúde explicou que muitos dos novos casos "foram encontrados em rastreios populacionais específicos, nomeadamente em população jovem". Para além deste facto, deve ter sido em conta o surto na Azambuja, "que contribui para o aumento de casos".
Detalhou Graça Freitas que 104 trabalhadores da região testaram positivo, sendo que 101 são da mesma empresa. Falamos da empresa Avipronto, encerrada desde sábado.
Já quanto à preparação do país para prevenir um surto de gripe no inverno, a responsável indicou que "estão a decorrer procedimentos" para adquirir "a vacina da gripe. Estamos a trabalhar em duas linhas, já que há Covid, mas há [também] outras questões. A vacinação contra a gripe é uma preocupação nossa e estamos a fazer os procedimentos”.
Reabertura dos restaurantes e as recomendações da DGS
Foi publicada esta sexta-feira pela Direção-Geral da Saúde a orientação para estabelecimentos de restauração e bebidas, que deverão retomar a atividade em breve. Na conferência de imprensa, Graça Freitas sublinhou que as medidas elencadas no documento "são normas de boas práticas e responsabilizam todos pelo seu cumprimento", incluindo clientes, já que "as respostas [à pandemia] têm de ser coletivas".
Sublinhou a diretora-geral que "temos de ter confiança na auto-responsabilização dos portugueses e não se pode relaxar as medidas. Sabemos que nos sítios onde há relaxamento de distância física surgem focos de infeção. A doença não desapareceu, o vírus está a circular. Apenas uma percentagem mínima foi atingida e terá imunidade. Todos os que não tivemos a doença estamos suscetíveis. Estamos em risco. Se não aprendermos outra forma de estar, vamos continuar em risco".
Máscaras no Parlamento
A Assembleia da República (AR) determinou, recentemente, o uso obrigatório de máscaras para todos os que acedam e permaneçam em espaços do Parlamento. Com efeito, no debate quinzenal desta quinta-feira, os deputados e membros do Governo foram retirando as máscaras nas suas intervenções, podendo com isso falhar nos procedimentos necessários para evitar uma eventual propagação do vírus (como a colocação das máscaras em cima das bancadas).
Considerou o secretário de Estado da Saúde que o uso de máscaras na AR é uma "decisão interna" e o Ministério da Saúde não "comenta decisões de órgãos de soberania". Aproveitou Lacerda Sales para acrescentar, porém, "que todos estamos a fazer a nossa aprendizagem. Esta aprendizagem permanente estende-se a todos e não exclui ninguém".
"Desconfinar não é abrandar"
O secretário de Estado da Saúde alertou ainda que "a epidemia não acabou, desconfinar não é abrandar. Regresso aos fluxos das nossas vidas não pode e não deve pôr em causa o caminho que foi feito até aqui com grande sacrifício pessoal de todos os portugueses", disse o governante, acrescentando que "o sucesso "depende de todos e de cada um".
De acordo com os dados indicados pela tutela, já foi realizado mais de meio milhão de testes de diagnóstico de Covid-19, sendo que durante o mês de abril foi levada a cabo uma média de cerca de 11.500 por dia. Já no mês de maio, até ao dia 6, "a média foi de mais 12.400 testes por dia, pelo que se mantém a tendência do aumento de testagem".
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