Em entrevista à estação pública de televisão, RTP, o ministro, que começou por dizer apenas que a prova teria nova data marcada "em breve", admitiu de seguida que a "segunda chamada" aconteceria "muito naturalmente em janeiro", esclarecendo ainda que haverá lugar a nova inscrição para os docentes que não conseguiram fazer a prova e queiram fazer.
O processo ficará a cargo do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) e exclui qualquer novo pagamento de inscrição.
Nuno Crato afirmou, a propósito dos vários episódios de protestos nas escolas do país para onde estava marcada a realização da prova de avaliação de capacidades e conhecimentos (PACC), que "há o direito à greve e há o direito à não greve", referindo que imagens como as de provas rasgadas no meio da sala de aulas "não são dignificantes para a imagem dos professores" e que haverá muitos que não se identificam com elas.
O ministro afirmou ainda que "o sistema de formação de professores tem, neste momento, várias falhas", entre as quais a preparação dos candidatos à entrada para os cursos de habilitação à docência, que, segundo o responsável pela pasta da Educação, devem, pelo menos, prestar provas a Português e Matemática para poder aspirar a lecionar no Ensino Básico e Secundário.
Também a preparação à saída do curso suscita dúvidas ao ministro, sobretudo se as licenciaturas não forem universitárias.
"As dúvidas são sobre a formação obtida nas Escolas Superiores de Educação", admitiu Nuno Crato na entrevista à RTP, acrescentando depois: "Sempre que se faz um exame está-se a dizer que não se confia".
Insistindo na comparação com outras profissões, que exigem um exame de admissão após a licenciatura, Nuno Crato afirmou que pais e famílias têm o direito a ver escolhidos, para ensinar nas escolas, os melhores da classe docente.
Quase metade dos professores inscritos para a PACC não fez o exame marcado para hoje, de acordo com as primeiras estimativas sindicais.
Em conferência de imprensa, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, calculou em seis mil o número de professores que não terão realizado a prova imposta pelo Ministério da Educação aos docentes com menos de cinco anos de serviço.
Sobre as perturbações ocorridas hoje nas escolas, Mário Nogueira disse que foram "proporcionais à humilhação a que o Ministério quis sujeitar os professores".
O dia de hoje ficou marcado por vários incidentes e protestos que levaram a que, em muitas escolas, não houvesse qualquer docente a realizar a prova, chegando mesmo a ser necessária a intervenção da polícia.
A Fenprof pediu hoje, na sequência dos protestos, a demissão do ministro, e admitiu continuar judicialmente a contestação à PACC.
Os sindicatos de professores disseram também hoje que entregariam um novo pré-aviso de greve se fosse marcada uma nova data para a PACC.