Depois de um estágio em ambiente diferente, os 571 novos agentes da Polícia de Segurança Pública também vão ter hoje uma cerimónia de encerramento do curso e de prestação do compromisso de honra fora do habitual, sendo substituída por atos solenes a realizar em todos os comandos da PSP do país.
Tal como aconteceu em todos os estabelecimentos de ensino, a Escola Prática da Polícia (EPP), em Torres Novas, deixou de dar aulas devido à covid-19 em 13 de março, tendo sido os futuros agentes mandados para a casa para concluírem o resto do curso nas esquadras dos comandos da PSP da área de residência.
Em declarações à agência Lusa, o chefe da divisão de ensino da EPP, intendente António Monteiro, disse que com esta medida se conseguiu evitar cadeias de contágios por covid-19.
"Nesta escola os alunos estão em regime de internato, vêm de todos os pontos do país, vivem na escola e só vão a casa ao fim de semana. Optou-se por mandá-los para as suas residências e depois cumprirem o resto do que estava planeado nesses locais em estágio, que foi único e com frutos até interessantes", precisou.
O curso começou em junho de 2019 e quando as aulas terminaram em 13 de março faltava uma semana de avaliações e o estágio.
"O que alterou fundamentalmente foi a avaliação, que em vez de ser feita na escola, foi feita nos comandos", afirmou, acrescentando que o estágio também decorreu de forma diferente, uma vez que estes alunos foram colocados em esquadras numa altura em que o país estava em estado de emergência.
O responsável pelo curso sustentou também que estes novos polícias "seguramente" que saem mais preparados.
"Seguramente saem com um preparação que talvez nós próprios, em termos de escola e da formação, também não estávamos a contar quando o curso começou. O curso está balizado, está devidamente planeado, tem o estágio, eles aprendem a ser polícias, aprendem a conhecer o que é ser polícia e as suas funções", disse.
No entanto, frisou, "o estado de emergência, o estado de calamidade e as cercas sanitárias" levaram os instruendos "de certeza a praticar, a ter outros conhecimentos e a aplicar outros conhecimentos que lhes vão ser absolutamente úteis" em situações limite e de alteração grave da normalidade.
Segundo o mesmo responsável, não houve "uma alteração substancial" do estágio, que cumpriu com os objetivos.
"Os alunos tiveram a vivência da esquadra, acompanharam um elemento policial no seu dia a dia e nas suas ocorrências, obviamente que a pandemia, o estado de emergência e agora o estado de calamidade veio impor novas regras, veio condicionar a vida de todos os portugueses e veio de facto alterar algumas premissas do estágio", sublinhou.
Para o chefe da divisão de ensino da EPP, os novos agentes "provavelmente saíram mais reforçados na ótica da anormalidade e na ótica do empenhamento operacional que todos foram alvo em várias situações".
António Monteiro referiu também que a Escola Prática da Polícia monitorizou e centralizou a informação no que diz respeito aos alunos infetados com covid-19 e em quarentena.
Segundo o mesmo responsável, vários alunos estiveram de quarentena e três ficaram infetados com covid-19, situações que não invalidaram a conclusão do curso com êxito.
"É um curso único pelo que passou, pelas vicissitudes que teve de passar, pela capacidade de adaptação que a Escola Prática da Policia teve que ter para que tivesse o fim que vai ter", disse, ressalvado que os alunos "não foram prejudicados, nem beneficiados" em relação aos outros cursos.
António Monteiro sublinhou ainda que, pela primeira vez na história da escola, o compromisso de honra e o juramento da condição policial dos novos agentes não vai acontecer com todos os alunos na EPP, mas sim nos comandos do país, numa cerimónia que não contará com mais de 20 instruendos, nem contará como habitualmente com a presença de familiares e amigos.