"Não nos tem sido reportada qualquer situação de incumprimento desse distanciamento físico e social, até porque muitos dos casos que temos tido conhecimento têm optado efetivamente pelo cumprimento da quarentena voluntária em unidade hoteleira", avançou Tiago Lopes.
O responsável da Autoridade de Saúde Regional, que é também diretor regional da Saúde dos Açores, falava, em Angra do Heroísmo, num ponto de situação sobre a evolução do surto da covid-19 no arquipélago.
O presidente executivo açoriano anunciou no sábado que os passageiros que chegassem à região deixariam de ser obrigados a ficar 14 dias em confinamento numa unidade hoteleira, depois de o Tribunal de Ponta Delgada ter deferido um pedido de libertação imediata ('habeas corpus') feito por um queixoso, que se encontrava em confinamento num hotel na ilha de São Miguel.
Desde o dia 26 de março que era obrigatório o confinamento, por 14 dias, numa unidade hoteleira protocolada com o Governo Regional à chegada aos Açores, mas a partir de 08 de maio o executivo açoriano passou a exigir que o custo da permanência nesses mesmos hotéis passasse a ser assegurado pelos passageiros, caso não fossem residentes no arquipélago.
O Governo Regional mantém a possibilidade de o passageiro ficar voluntariamente numa unidade hoteleira durante 14 dias, assegurando os custos, independentemente de a pessoa residir ou não na região, mas oferece outras hipóteses: o regresso ao destino de onde partiu e o cumprimento de isolamento profilático em domicílio ou noutro hotel, tendo o passageiro neste caso de fazer um teste à covid-19 à chegada à região (caso não o tenha feito 72 horas antes) e ao 5.º e 13.º dia após o primeiro teste.
Segundo Tiago Lopes, as regras são ainda recentes e requerem alguma adaptação, mas de um modo geral não se têm registado constrangimentos.
"As pessoas estão a adaptar-se, estão a colocar as suas questões relativamente aos diferentes procedimentos e a procurar, às vezes, ultrapassar essas situações, mas dentro daquilo que têm sido os últimos dias tem vindo a correr relativamente bem", afirmou.
Questionado sobre a retoma da economia e do turismo nos Açores, com a reposição das ligações aéreas inter-ilhas e o reforço das ligações para o exterior da região, Tiago Lopes disse que esse planeamento já estava a ser feito, mas que seria apenas "comunicado no momento próprio", atendendo à realidade epidemiológica da região e do país.
"Não há qualquer desenvolvimento, mas oportunamente iremos transmitir quais são os próximos passos a dar, relativamente à retoma no que diz respeito aos transportes, ao turismo e a outras áreas económicas na região", frisou.
As medidas de desconfinamento anunciadas pelo Governo Regional tinham como data limite o dia 31 de maio.
O comércio já reabriu em todas as ilhas do arquipélago e os restaurantes aguardam luz verde apenas nas ilhas Graciosa e São Miguel, retomando a atividade nos dias 25 e 29 de maio, respetivamente.
Segundo o responsável da Autoridade de Saúde Regional a retoma da normalidade possível tem decorrido sem receios e em cumprimento das recomendações feitas.
"A população não parece que tenha qualquer atitude de receio ou medo de circular na via pública e de retomar essa atividade e de se deslocar a espaços que até há poucos dias estavam com a sua acessibilidade restrita", salientou.
Os Açores não registam novos casos de infeção pelo novo coronavírus há quatro dias.
Desde o início do surto foram confirmados 146 casos, 17 dos quais atualmente ativos (15 em São Miguel, um no Pico e um na Graciosa), tendo ocorrido 113 recuperações (em seis ilhas) e 16 óbitos (em São Miguel).
A ilha de São Miguel é a que registou mais casos (108), seguindo-se Terceira (11), Pico (10), São Jorge (sete), Faial (cinco) e Graciosa (cinco).