"Podemos dizer que é um pequeno surto (...) e estão internadas na Unidade de Medicina 1 [no hospital de Abrantes] 11 pessoas utentes desse lar", das quais "10 senhoras, entre os 77 e os 96 anos, mais um senhor de 40 anos, deficiente, que vivia nesse lar e era filho dos donos. Estão bem e pouco ou nada sintomáticos", disse à Lusa a diretora clínica do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), instituição que agrega as unidades hospitalares de Abrantes, Tomar e Torres Novas, no distrito de Santarém.
Segundo disse Ana Vila Lobos, "até hoje de manhã, os doentes já haviam feito raios x, estão todos medicados sintomaticamente e com antibióticos e antipiréticos e de uma maneira geral estão bem", reportando-se aquela responsável aos 11 cidadãos residentes num lar em Carvalhal, concelho de Abrantes, que foi evacuado no domingo, após a confirmação de um total de 15 casos de infeção pela covid-19, entre utentes, funcionários e proprietários.
Além disso, continuou, "também um idoso com 67 anos residente na aldeia, mas que não é utente do lar, testou positivo e ficou internado", num "total de 12 pessoas" internadas na Unidade de Medicina, "sem cuidados intensivos", e provenientes da freguesia do Carvalhal.
A diretora clínica do CHMT disse ainda que "são todos doentes de risco", tendo feito notar a sua "fragilidade", uma vez que, além do filho dos donos do espaço, um homem de 40 anos com "deficiência profunda em termos físicos e cognitivos", a pessoa mais nova dos 10 doentes internados provenientes do lar "tem 77 anos e depois é tudo acima dos 85 anos".
Segundo a responsável, "devido à sua fragilidade, e não havendo condições para isolamento no lar, ficaram internadas", sendo que os funcionários do lar foram para o seu domicílio em isolamento e quarentena. Na casa ficaram apenas, e igualmente em isolamento, os donos da habitação e que geriam o espaço de acolhimento de idosos.
A Delegada de Saúde Pública do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo, Maria dos Anjos Esperança, confirmou à Lusa que "todas as pessoas que estavam naquele lar sem licenciamento, mais um idoso residente na mesma aldeia, mas que não era utente", foram "identificadas como estando infetadas entre sexta-feira e sábado", tendo sido internadas ou colocadas em isolamento no sábado e no domingo.
Maria dos Anjos Esperança disse que todo o quadro indicia que "terão sido quebradas as boas práticas de distanciamento social" e que as autoridades de saúde estão agora "a tentar descobrir a situação que originou o foco" de contágio, tendo admitido que "poderá ter tido origem durante um almoço convívio numa matança", que ali ocorreu há cerca de duas semanas, "ou num funeral que ocorreu na aldeia com pessoas que vieram de Lisboa, antes dessa matança".
Hoje há registo de nove pessoas em vigilância ativa em Abrantes, mas não houve novos casos positivos, contando agora aquele município com um total acumulado de 36 pessoas infetadas por covid-19 e das quais 17 já foram dadas como recuperadas pelas autoridades de saúde.
"Vai continuar a ser feita a investigação sobre todos os possíveis contactos diretos e de alto risco das pessoas daquela casa e poderemos ter de testar e de colocar mais pessoas em vigilância ativa", afirmou ainda a Delegada de Saúde, dando conta que apenas um teste de um funcionário vai ter de ser repetido - "acusou positivo mas gerou algumas dúvidas" - e que "todos os outros não geram duvidas, apesar de não apresentarem sintomatologia covid".
Portugal regista hoje 1.330 mortes relacionadas com a covid-19, mais 14 do que no domingo, e 30.788 infetados, mais 165, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde.