Estes portugueses foram repatriados num voo organizado por Portugal, que transportou ainda outros 179 cidadãos europeus.
O voo, operado pela companhia aérea portuguesa Hifly, descolou do Aeroporto Internacional Simón Bolívar de Maiquetía (28 quilómetros a norte de Caracas) pelas 18:20 locais (23:20 horas em Lisboa) com destino a Lisboa.
"O processo foi complicado, mas temos 181 portugueses no voo, 68 dos quais se destinam à Madeira e temos várias outras nacionalidades, espanhóis, franceses, italianos, da União Europeia estão a bordo, mais um turco e uma queniana", disse o cônsul-geral de Portugal em Caracas.
Em declarações à agência Lusa, Licínio Bingre do Amaral explicou ainda que foi um voo "para pessoas que têm a sua residência permanente em Portugal" que foram apanhadas pela "suspensão dos voos devido à covid-19".
"Vão chegar a Portugal, uns vão para a Espanha, porque a embaixada de Espanha em Lisboa já tem uns autocarros preparados para levar os espanhóis e os portugueses residentes em Espanha, que depois daí vão fazer o isolamento em suas casas", frisou.
No caso dos madeirenses, o cônsul-geral explicou que "quando chegarem ao aeroporto do Funchal irão fazer o teste da covid-19".
"Se o teste der negativo poderão ir para as suas casas e fazer o isolamento em casa, caso contrário, terão que cumprir a quarentena numa das instalações fornecidas pelo governo da Madeira", afirmou.
Segundo o diplomata em Caracas ficaram ainda alguns portugueses "que tiveram dificuldades com os pagamentos (do voo de repatriamento), mas são casos residuais".
"As instruções vêm do senhor ministro [dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva] em Lisboa, mas não creio que haja gente que justifique a organização de um outro voo para Portugal. Se outros parceiros da União Europeia organizarem um voo, eles vão ser canalizados para esse voo", frisou.
A organização do voo, explicou, envolveu, localmente, a embaixada e os dois consulados-gerais (Caracas e Valência).
"O embaixador [Carlos de Sousa Amaro] fez o pedido a Lisboa e o senhor ministro autorizou e na sequência dessas instruções nós organizamos a parte operacional aqui", referiu.
Questionado sobre a situação destes portugueses após vários meses em quarentena na Venezuela, precisou: "Neste voo, a maior parte dos portugueses está em situação razoável porque é gente que vem de Portugal cá e vai de cá para Portugal com alguma regularidade".
"Muitos deles estavam cá a visitar família, de férias, ou a tratar de negócios, porque muitos deles ainda têm aqui negócios, apesar de ter a residência principal em Portugal", sublinhou.
Este é o primeiro voo de repatriamento organizado por Portugal, país que prestou assistência a 51 portugueses que foram repatriados desde finais de março, em outros voos organizados pela União Europeia e pela Espanha.
Em 26 de março, a companhia aérea espanhola Plus Ultra realizou o primeiro voo organizado por Espanha, no qual foram repatriados 18 cidadãos portugueses.
Em 16 de abril outros 30 portugueses foram repatriados no segundo voo da Plus Ultra.
Por outro lado, em 23 de maio, cinco portugueses com residência comprovada em Espanha foram repatriados para Madrid, num voo da mesma companhia aérea.
Na Venezuela estão oficialmente confirmados 2.879 casos de pessoas infetadas e 23 mortes associadas ao novo coronavírus. Estão ainda dados como recuperados 487 pacientes.
A Venezuela está desde 13 de março em estado de alerta, o que permite ao executivo decretar "decisões drásticas" para combater a pandemia.
Os voos nacionais e internacionais estão restringidos no país.
Desde 16 de março que os venezuelanos estão em quarentena e impedidos de circular livremente entre os vários estados do país.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 427 mil mortos e infetou mais de 7,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.