Portugueses agradecem repatriamento e prometem investir "cá e lá"

Vários portugueses agradeceram a Portugal por ter organizado o voo que sábado repatriou 181 conterrâneos que ficaram retidos na Venezuela devido à covid-19, sublinhando que pensam regressar em breve a Caracas para continuar a investir "cá e lá".

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Lusa
14/06/2020 06:16 ‧ 14/06/2020 por Lusa

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Covid-19

 

 "Vou com um nó na garganta, porque lamentavelmente tenho que ir, mas regressarei (...) A Venezuela é uma terra abençoada que nos marca e a partida é sempre triste", disse à agência Lusa Aleixo Vieira.

Para este empresário madeirense, com o voo de repatriamento, "Portugal, as autoridades portuguesas na Venezuela, as autoridades portuguesas de Portugal e as autoridades venezuelanas estão de parabéns".

"Foi um esforço conjunto de forças. A comunidade precisava deste voo. Há muitas pessoas que têm urgência para estar com as suas famílias, tratar da saúde, assuntos de trabalho e de estudos", frisou.

Aleixo Vieira explicou que o ambiente na Venezuela "está muito calmo, tranquilo, nota-se muita segurança" e que as autoridades locais "têm feito um excelente trabalho para conter" o novo coronavírus.

Por outro lado, José António Maia Pereira tem negócios na Venezuela há 35 anos, na área da panificação, na cidade de Valência e com orgulho afirmou: "Somos trabalhadores, estamos a trabalhar", insistindo que tem também "algumas coisas em Portugal" onde "paga impostos".

"A quarentena tem sido muito difícil porque é acostumar-se a uma vida nova. As questões de rotina, quotidianas têm que fazer-se de uma maneira diferente", disse.

Quanto ao voo considerou que é "uma iniciativa excelente" e felicitou os consulados e as agências de viagens por facilitarem o regresso dos portugueses.

"É de saudar, apoiar e se possível fazer novamente", frisou.

Com negócios na Venezuela e em Portugal, o advogado António José Gonçalves de Abreu também foi apanhado pela quarentena e felicitou o consulado pelo sucesso do voo.

"A minha família está lá e quero voltar a vê-la. A quarentena foi ficar em casa, andar com muito cuidado", contou, precisando que ao chegar a Portugal ficará uns dias no continente e em julho regressará à Madeira.

Por outro lado, Agostinho Abreu espera cuidar da sua saúde ao chegar à Madeira e lembrou que todos devem "andar sempre com máscara" para proteger-se do novo coronavírus.

"Fiquei contente (com o voo), porque não podia sair daqui", frisou.

Apanhado pela quarentena José António Damas Branco, representante local da Caixa Geral de Depósitos, teve viagem marcada para 09 de abril e 18 de maio.

"Vou porque tenho que ir ao médico e porque a minha mulher tem medicamentos a acabar que cá não há, e foi realmente uma oportunidade única aproveitar este voo. É o primeiro voo, está excelente. Na Venezuela temos muita sorte de ter aqui um cônsul e um embaixador extraordinários", salientou.

Por outro lado, confia que a crise provocada pela covid-19 vai melhorar o que será importante para a economia. Prometeu regressar à Venezuela já em julho, para estar ao lado de uma comunidade de emigrantes que classificou como "os mais sacrificados do mundo".

Angelina Oliveira Rodrigues, reformada, está a viver em Portugal desde há três anos e não conseguiu todos os medicamentos que necessita na Venezuela, durante a quarentena.

"Só lhe vou dizer uma coisa e é tudo, vocês, os jornalistas, deviam de ir para as portas dos consulados, para ver a gente que lá está, a perguntar por estes voos. Ou seja, tem de haver mais voos de este tipo, porque há muita gente à espera", vincou.

Portugal repatriou 181 portugueses, entre eles 68 nacionais oriundos da Madeira, que ficaram retidos na Venezuela devido à quarentena provocada pela pandemia do novo coronavírus.

Desde março tinham sido repatriados 51 portugueses, em outros voos organizados pela União Europeia e por Espanha.

Na Venezuela estão oficialmente confirmados 2.879 casos de pessoas infetadas e 23 mortes associadas ao novo coronavírus. Estão ainda dados como recuperados 487 pacientes.

A Venezuela está desde 13 de março em estado de alerta, o que permite ao executivo decretar "decisões drásticas" para combater a pandemia.

Os voos nacionais e internacionais estão restringidos no país.

A covid-19 é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 427 mil mortos e infetou mais de 7,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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