"Nós escolhemos uma orientação que é a verdade. É a verdade. O que se diz todos os dias é aquilo que se sabe que acontece. Portanto, eu acho que é preferível a estar a dizer: olhe, isto é muito melhor e está a evoluir de uma determinada forma, e depois ter de corrigir oito dias, dez dias, quinze dias, vinte dias depois", afirmou o chefe de Estado aos jornalistas, em Lisboa.
Em Espanha, o Ministério da Saúde atualizou na sexta-feira o número de mortes causadas pela covid-19, que permanecia inalterado há 12 dias, registando mais 1.177 óbitos, o que elevou o total para 28.313.
Marcelo Rebelo de Sousa falou à comunicação social na zona ribeirinha de Alcântara, em Lisboa, de onde seguiu para o Cais do Sodré e depois para Santa Apolónia e para a Avenida Almirante Reis, numa ação de contacto com as pessoas em situação de sem-abrigo, que terminou já hoje de madrugada.
Questionado sobre os números da covid-19 a nível nacional, o Presidente da República argumentou que Portugal está "a fazer muito mais testes do que outros países europeus" e que isso se reflete no "número de infetados", mas realçou que "o número de mortes não acompanha o número de mortes noutros países europeus".
Em relação à situação na região de Lisboa, o chefe de Estado referiu que "já se sabe onde é que são esses focos e a ligação geográfica que existe entre eles" e salientou que "o Governo vai ter uma reunião extraordinária ou de emergência na segunda-feira, para olhar para os dados", presidida pelo primeiro-ministro, António Costa.
"Sabe-se que há uma concentração de casos de infeção num número restrito de freguesias, muito vizinhas. Estou a falar daquelas freguesias que têm um número de casos superior a cem, e que são freguesias de vários municípios, mas vizinhas. O Governo vai naturalmente olhar para isso", adiantou.
Ressalvando que não queria "antecipar aquilo que se vai passar nessa reunião", Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que o Governo irá tomar decisões "para que não se tenha a noção de que é um fenómeno difuso, generalizado e disperso" e "para escolher o método mais adequado para tratar aquilo que hoje já está feito como levantamento".
A pandemia de covid-19, doença provocada por um novo coronavírus detetado em dezembro do ano passado no centro da China, atingiu 196 países e territórios e já fez mais de 454 mil mortos, segundo um balanço feito pela agência de notícias francesa AFP.
Em Portugal, onde os primeiros casos foram confirmados no dia 02 de março, morreram 1.527 pessoas num total de 38.464 casos de infeção contabilizados, de acordo com o relatório de sexta-feira da Direção-Geral da Saúde (DGS).