“Missão cumprida!”. Foi com esta feliz declaração que Juan Manuel Ballestero, um navegador argentino, de 47 anos, que saiu do Porto Santo, no arquipélago da Madeira, em direção ao seu país há três meses, pisou terra, na sua cidade natal, Mal del Plata, na passada quarta-feira.
De férias no arquipélago português e sem voos para regressar à Argentina e passar o confinamento, devido à pandemia da Covid-19, com os pais idosos, Juan não teve dúvidas. Lançou-se ao mar e atravessou o Oceano Atlântico, sozinho, num modesto veleiro de 30 pés, cerca de 9 metros, ao qual deu o nome de ‘Skua’.
À AFP, Juan Manuel Ballestero explicou que a viagem, que contou com muitas aventuras, tempestades e “ondas perigosas, mas também a companhia de golfinhos e baleias, durou 85 dias, ou seja, quase três meses.
Durante 54, a família não teve notícias sobre ele e Juan não fazia ideia que estavam a morrer milhares de pessoas todos os dias, pelo mundo inteiro, devido ao novo coronavírus.
Só quando chegou ao Brasil, onde teve um dos maiores problemas com o barco e que obrigou a uma paragem, quando uma onda gigante derrubou o mastro e rebentou com um cabo, é que Juan percebeu as dimensões que a pandemia tinha tomado durante o tempo em que atravessou o Atlântico.
Entretanto, depois de uma paragem também no Uruguai, Juan chegou finalmente à Argentina. Na quarta-feira atracou na marina de Mal del Plata, mas só depois de testar negativo para a Covid-19, é que foi autorizado a pisar terra firme para abraçar a mãe, Nilda, de 82 anos, e o pai, Carlos, de 90.
Posteriormente, em entrevista ao The St Kitts & Nevis Observer, Juan revelou que já teve muitas aventuras em alto mar e admitiu que, por agora, quer ficar em casa com os pais.
“Vou plantar um jardim e comprar três galinhas. Vou passar o resto do ano com os meus velhos. Quero estar com a família”, contou.
O novo coronavírus já matou mais de mil pessoas na Argentina, a maioria idosos como os pais de Juan, e infetou 42.772