No final da reunião com especialistas para avaliar a situação epidemiológica da covid-19 em Portugal, no Infarmed (Lisboa), o chefe de Estado explicou que na "longa reunião de hoje se fez, entre outras, uma reflexão sobre os resultados do desconfinamento, feito em três momentos no país".
"A realidade atual mostra que não se verificou uma subida em termos de óbitos, há uma tendência relativamente estável decrescente; relativamente aos internados, hospitalizados ou internados em cuidados intensivos, existe nos últimos dias, nas últimas semanas, uma ligeira subida numa tendência que é de estabilização da descida, longe dos cenários de pré-rutura ou rutura como aconteceria num cenário de duplicação do numero de infetados por causa dos desconfinamentos", defendeu.
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou ainda que foi feita uma análise comparativa com outros países, quer nos efeitos do desconfinamento, quer no número de testes realizados.
"Portugal está no grupo dos cinco países que mais testes realizaram por cem mil habitantes, o que não é indiferente quando se compara o número de infetados", sublinhou.
O chefe de Estado destacou que "há países que têm um quinto, um quarto, 60%" do número de testes realizados em Portugal, "que têm vindo a aumentar nestes períodos de desconfinamento".
Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que os efeitos completos do desconfinamento só serão visíveis "no final de junho, ao longo de julho e porventura em agosto", recordando, ainda assim, que já "passou bastante tempo desde o primeiro desconfinamento, no início de maio, um tempo razoável em relação ao segundo, em 18 de maio, e bem mais de 14 dias sobre o terceiro, a 01 de junho".
"Os cenários previstos eram muitos, uns mais positivos, outros menos positivos e alguns muito preocupantes quer em termos de óbitos, quer de pressão para o SNS", realçou.
Na análise dos efeitos do desconfinamento nos outros países europeus, verificou-se, segundo o chefe de Estado, que "praticamente todos" têm o índice de transmissão da propagação do vírus "ou acima do 1 ou abaixo, mas muito perto do 1", tendo revelado que em Portugal este indicar (o R) se situa atualmente em 1.08.
O Presidente da República voltou a destacar a importância da "responsabilidade de cada português" nesta fase e lembrou a "preocupação óbvia que sempre presidiu às medidas tomadas, salvaguardar vida e saúde".
"Olhar para a evolução do número de mortos, felizmente uma evolução positiva, olhar a pressão sobre o SNS, até agora sem situações de stress ou de pré-stress", realçou.
O Presidente da República, primeiro-ministro e líderes partidários reuniram-se hoje com especialistas para avaliar a situação epidemiológica da covid-19 em Portugal, com foco na Área Metropolitana de Lisboa, onde tem surgido a maioria dos novos casos.
Esta foi a nona reunião técnica realizada no Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, em Lisboa, por iniciativa do primeiro-ministro, para partilha de informação, tendo ficado já agendado novo encontro para daqui a 15 dias.
Portugal regista hoje mais três mortos relacionados com a covid-19 do que na terça-feira e mais 367 infetados, 82% dos quais na maioria na Região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Os dados da DGS indicam 1.543 mortes relacionadas com a covid-19 e 40.104 casos confirmados desde o início da pandemia.