"Milhões de portugueses" não veem Covid-19 com os "olhos da classe média"

O Presidente da República reiterou hoje que não há portugueses de primeira ou de segunda, tendo chamado a atenção que há milhões de pessoas que não olham para a pandemia com os olhos da classe média.

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© Palácio de Belém

Lusa
25/06/2020 20:25 ‧ 25/06/2020 por Lusa

País

Marcelo Rebelo de Sousa

"É muito fácil para aqueles que, apesar de tudo, são as classes médias deste país, pensarem na pandemia com os olhos das classes médias, mas há milhões de portugueses que não são classe média. Eu quis dizer aqui hoje, no meio da pandemia, que não há pandemia que trave a solidariedade do povo português. Não há pandemia que trave o trabalho desta gente que se dedica às crianças, aos jovens, às famílias, aos idosos, não há pandemia que possa travar a atenção das pessoas", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado visitou hoje os Centros Sociais da Obra Diocesana de Promoção Social, nos bairros do Lagarteiro e do de S. Roque da Lameira, onde sublinhou que termina o mandato, como começou, há cinco anos, preocupado com os sem-abrigo e com as instituições.

Marcelo, que foi recebido em S. Roque da Lameira com aplausos, lembrou que, dias depois de ter tomado posse em Lisboa, esteve precisamente no Porto, no Bairro do Cerco, onde foi dizer que "o que mais importante são as pessoas", uma mensagem que quis voltar a repetir hoje, ao visitar estes dois polos da Obra Diocesana.

"Quis que fosse um mandato coerente do princípio ao fim, preocupado com os sem-abrigo, preocupado com os cuidadores informais que ainda recebi ontem, preocupado com as instituições de solidariedade social, preocupado no tempo em que não havia pandemia, preocupado no tempo em que há pandemia", assinalou.

O Presidente da República salientou que há dois milhões de portugueses que se encontram em situação de dependência ou risco de pobreza, admitindo que o número possa ter aumentado em "tempo de crise".

"Esta pandemia atacou todos e está a atacar todos e infelizmente não sabemos por quanto tempo continuará a atacar todos. Mas ataca sobretudo os mais vulneráveis, na idade, na saúde, na pobreza, nas condições de alojamento, na maneira como vivem, na habitação que têm ou não têm, na água, na eletricidade, no gás, no desemprego", assinalou, acrescentando que os números mostram que os surtos que surgiram precisamente nos "bairros e comunidades que menos têm e mais sofrem" e que "trabalharam durante todo os tempo, mesmo quando a maioria estava confinada, porque tinham de trabalhar".

Para Marcelo Rebelo de Sousa, este é um combate "muito difícil aquele que tem de ser travado pelos que mais precisam e exige que se tomem medidas adequadas.

"No meio da pandemia dizer a todos que ela ataca todos, mas que pensem aqueles que mais têm que ataca sobretudo os que não têm nada, ou têm pouco ou têm cada vez menos, por causa da pandemia, é para eles que vai o nosso pensamento hoje, dure o que durar a pandemia, nós estaremos com eles sempre, porque eles são tão portugueses como os outros portugueses, não há portugueses de primeira e de segunda, ou terceira ou de quarta, e são aqueles que mais necessitam que precisam de nós neste momento de pandemia", concluiu o chefe de Estado.

Durante a visita à Obra Diocesana em S. Roque da Lameira, o presidente da instituição, Manuel Moreira, disse que o aumento de 3,5% das compartições da Segurança Social é "manifestamente insuficiente", não chegando sequer para fazer face ao aumento "justo" do salário mínimo que foi de 5,8%.

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