Hugo Pereira, presidente da Câmara Municipal de Lagos deixou, esta quinta-feira, uma mensagem a toda a população, na qual revelou que, neste momento, há registo de 85 casos ativos de Covid-19 no concelho.
Começando por lamentar que a festa ilegal que originou o surto levou a que o município passasse de registar quatro casos, "todos eles recuperados", desde março, para dezenas de infetados hoje, o autarca garantiu que a evolução epidemiológica, "dos últimos dias, parece indiciar que o pico deste surto já terá sido atingido".
Ultrapassada esta fase, Hugo Pereira defende que a localidade entra agora "numa segunda fase, que já não justifica a continuação da testagem massiva", permitindo que as autoridades de saúde se foquem "no acompanhamento e vigilância dos casos identificados, de modo a garantir o seu confinamento e tratamento (nos casos eventualmente mais agudos de infeção)".
Neste contexto, o presidente aproveitou também para reiterar que o município se encontra disponível "para assegurar os apoios domiciliários que estas situações possam exigir, convidando as pessoas e as famílias afetadas a, sem qualquer constrangimento, contactarem os serviços sociais da Câmara Municipal apresentando as suas necessidades".
Declarando que está na "hora" do concelho 'virar a página' e de se dedicar "novamente na afirmação" da localidade "como o porto de abrigo seguro que sempre foi", Hugo Pereira sublinha a sua vontade de "reconquistar a autoconfiança" da comunidade, considerando ser o "primeiro passo" para a reconquista da "confiança dos outros" no município.
"E, para isso, é preciso não baixarmos os braços, nem deixarmo-nos abater pelos efeitos deste incidente localizado e pontual (...), mostrando que somos melhores e mais fortes, que sabemos ser cuidadosos neste gradual processo de retoma da atividade que se impõe, para bem da nossa sanidade mental e da sobrevivência e vitalidade da economia local", pode-se ler no comunicado divulgado no site e redes sociais da Câmara.
Agradecendo às autoridades locais de saúde, forças de segurança, Proteção Civil, escolas, Associações, IPSS e empresas - "que foram incansáveis nos esforços desenvolvidos para controlo do surto" e no "minimizar do impacto económico e social desta crise de saúde pública", o autarca destacou ainda este diagnóstico da situação epidemiológica no concelho só foi possível "mediante um grande esforço de identificação das cadeias de transmissão e subsequente testagem (com mais de 2.500 testes realizados)".
O Clube Desportivo de Odiáxere, em Lagos, onde foi realizada a festa ilegal há cerca de duas semanas, já veio pedir desculpas pela dimensão trágica que o acontecimento atingiu, assinalando que foi a direção que chamou as autoridades.
Entretanto, a ministra da Justiça pediu, na passada sexta-feira, à Procuradoria-Geral da República a intervenção do Ministério Publico para a "instauração de ações indemnizatórias contra os promotores" da festa ilegal em Odiáxere. As autoridades de saúde do Algarve já tinham manifestado, em conferência de imprensa, a vontade de que fossem atribuídas responsabilidades aos organizadores do evento.
Na festa participaram pessoas de diferentes concelhos e de várias nacionalidades, havendo infetados entre pessoas da mesma família, incluindo crianças e, também, entre colegas de trabalho. O surto originado por aquela festa já provocou a suspensão de visitas aos utentes em 24 equipamentos sociais do barlavento (oeste) algarvio, num total de 13 estruturas - entre lares de idosos, unidades de cuidados continuados, lares de jovens e de saúde mental -, situadas em oito concelhos.