"Se o primeiro-ministro puxou as orelhas à ministra da Saúde, teria certamente razão. Mas os castigos corporais estão fora do método de trabalho". As palavras, com uma "nota de humor", são da ministra da Saúde que, na conferência de imprensa desta sexta-feira, foi questionada relativamente a um alegado mal-estar com António Costa.
De acordo com a governante, as atenções devem estar centradas, isso sim, "em nos reconcentrarmos no que é essencial. Estamos em julho e começamos a ficar cansados. É natural que se perca alguma da tranquilidade e que possamos perguntar se as coisas estão a evoluir no melhor sentido".
Reiterou Marta Temido que "lidamos com uma doença infectocontagiosa" que "assume relevo em zonas mais povoadas". E a verdade é que "estamos a ter dificuldade em quebrar as cadeias de transmissão".
Perante a evolução do surto, justificou ainda, que "pusemos no terreno um conjunto de instrumentos adicionais. [Isso] tem acontecido nas últimas semanas de forma repetida e aconteceu ontem [em Conselho de Ministros] com novas decisões certas áreas".
Para dar resposta à evolução do surto na Área Metropolitana de Lisboa (AML), foi reforçado o "trabalho de saúde pública", não só "pelo envolvimento de outros profissionais da área pública para a AML", mas também pela "disponibilidade de outros profissionais de serviços centrais".
O uso do Remdesivir
Questionada relativamente à utilização do Remdesivir, fármaco recomendado para adultos e adolescentes a partir dos 12 anos com pneumonia e que precisam de receber oxigénio, indicou a ministra da Saúde que Portugal "aguarda com expectativa que a Comissão Europeia emitia a autorização para este medicamento no decurso da próxima semana".
Até então, o Infarmed tem "assegurado um programa de acesso precoce para utilização do medicamento nos hospitais". Durante este período, continuam a decorrer os contactos com a empresa que o comercializa para garantir "o necessário acesso".
App anticovid está por "dias ou horas"
Depois de alguns países terem já implementado uma aplicação 'anticovid', em Portugal ainda não é conhecida a data em que o software estará disponível. Esta sexta-feira, Marta Temido indicou que "estará em breve disponível para utilização a título experimental a aplicação que tem sido desenvolvida".
Porém, recordou, "o baixar da app é uma opção voluntária e individual e poderá ser uma forma pertinente, útil e segura para, perante um caso positivo, os contactos serem mais facilmente avisados e localizados". Há aqui "uma vantagem de eficiência para o trabalho da saúde pública.
A governante aproveitou ainda para recordar que a Comissão de Proteção de Dados foi envolvida no processo de desenvolvimento da aplicação e "haverá informações concretas dentro dos próximos dias ou horas”.
SNS tem capacidade, mas não "se deve baixar a guarda"
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem "capacidade para garantir" a resposta necessária, mas isso "não nos deve fazer baixar a guarda. Mesmo que todos estejam cansados, os profissionais do SNS continuarão a estar lá", indicou a ministra da Saúde.
Deu ainda conta a ministra dos indicadores da ocupação do SNS à data, sendo que há 401 camas de enfermarias ocupadas e 67 de cuidados intensivos. Mas Portugal dispõe de 21 mil camas hospitalares, sendo que 534 são de cuidados intensivos polivalentes para adultos.
Espaços fechados? O alerta da ministra
A ministra da Saúde recordou ainda na conferência que a Covid-19 só desaparecerá quando surgir uma vacina ou tratamento, sublinhando que "contactos físicos e espaços fechados e muito frequentados" são comportamentos e lugares de risco.
Com efeito, continuou, "o facto de Portugal ter tido uma situação epidemiológica melhor, mais favorável, menos dura do que outros países e de, agora, enfrentar números consistentes em algumas freguesias é um motivo para reforçar o nosso esforço articulado ao nível da saúde pública, solidariedade social, emprego, economia, habitação, transportes e trabalho com autarquias e sociedade civil".
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[Notícia atualizada às 15h01]