Sindicato exige revogação da suspensão de férias de médicos de Évora
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) exigiu hoje à revogação imediata da suspensão das férias dos clínicos do distrito de Évora, até ao dia 10 de julho, "imposta" pela Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo.
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País Covid-19
Em declarações à agência Lusa, o Secretário Regional do SIM/Alentejo, Armindo Ribeiro, acusou a ARS de "incapacidade de gerir o Serviço Nacional de Saúde" (SNS) na região, além de não estar a "otimizar os recursos disponíveis para combater da melhor forma" o surto de covid-19 em Reguengos de Monsaraz, no distrito de Évora.
"O SIM apela a uma suspensão imediata desta medida, uma vez que a falta de organização não deve estar na base da utilização agressiva da abolição dos direitos dos médicos", disse Armindo Ribeiro.
O Secretário Regional do SIM assegurou que "os médicos nunca virarão as costas à população", mas sentem-se "cansados e frustrados", além de que "o Governo não os apoia e utiliza todos os meios para disfarçar a incapacidade de gerir o SNS no Alentejo".
"Havendo organização e direcionamento para os diversos hospitais do Alentejo" não seria necessário suspender as férias dos profissionais de saúde, considerou Armindo Ribeiro, referindo que existem, pelo menos, "oito vagas" para internamentos de covid-19 no Hospital do Litoral Alentejano, além de algumas em Portalegre que podiam dar apoio no combate ao surto de Reguengos de Monsaraz.
"São unidades de saúde que foram escolhidas para serem referências [no combate à covid-19] e não estão a ser otimizados esses recursos", acusou o sindicalista.
Em comunicado hoje divulgado, o SIM refere em título que "Os médicos do Alentejo não querem palmas, querem respeito", referindo que estes profissionais de saúde "já ultrapassaram há largo tempo as horas extraordinárias previstas na lei".
Esse dado, juntamente com "a não possibilidade de gozo do período de férias consagrado no Código de Trabalho", faz com que os médicos estejam "a trabalhar exaustos", aumentando o "risco de erro médico", segundo o SIM.
O SIM lembra que "tem vindo a alertar, nos últimos anos, para a necessidade de contratação de médicos para o Alentejo", o que só seria possível "através de estímulos atrativos para a captação de novos médicos e para a manutenção dos médicos já residentes" na região.
"Nomeadamente emprego para o cônjuge na mesma área em que trabalhava, diferenciação em termos de subsídios ou ordenados e ajuda na construção de habitações, na sua formação pós-graduada e na realização de trabalhos de investigação. Tem sido uma grande bandeira do SIM, uma vez que a carga de trabalho é muito elevada devido à falta de profissionais na região", detalhou Armindo Ribeiro à Lusa.
A ARS do Alentejo suspendeu as férias a todos os médicos, enfermeiros e outros prestadores de cuidados primários do distrito de Évora, na sequência do surto de covid-19 em Reguengos de Monsaraz.
O presidente da ARS, José Robalo, disse à Lusa que a medida tem efeito até ao dia 10 de julho e aplica-se aos prestadores diretos de cuidados de saúde do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Alentejo Central, com o objetivo de "manter a operacionalidade" durante o surto de covid-19 detetado no lar de Reguengos de Monsaraz.
No dia 18 de junho foi detetado um surto de covid-19 no lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, em Reguengos de Monsaraz, o de maiores dimensões e mais preocupante no Alentejo, que segundo a última atualização fornecida pela autarquia local tem, até hoje, 135 casos ativos, além de cinco vítimas mortais.
Portugal contabiliza pelo menos 1.576 mortos associados à covid-19 em 42.141 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
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