Depois de os EUA terem comprado quase a totalidade do stock do Remdesivir - que tem eficácia no tratamento da Covid-19 -, Portugal contactou a Gilead, farmacêutica responsável para produção.
A imprensa internacional avançou, na terça-feira, que os EUA compraram mais de 500 mil doses do fármaco, o que representa toda a produção do medicamento para julho e 90% de agosto e setembro.
Em Portugal, como explicou a secretária de Estado Adjunta e da Saúde, Jamila Madeira, na conferência desta quarta-feira, há "uma autorização excecional [do Remdesivir] desde o primeiro dia da pandemia".
E "todos os médicos que consideraram que a administração nos doentes seria útil", tiveram acesso ao fármaco. "Não temos sinal de que uma intervenção do género da dos EUA pudesse ser vista como positiva por parte da comunidade médica", já que por cá sempre "houve uma utilização pontual em casos clínicos concretos".
Perante a ameaça da escassez do medicamento, "o Infarmed pediu informação em termos de stock à empresa. Só depois de termos a resposta poderemos adiantar se o mecanismo [usado em Portugal] está salvaguardado".
Surtos em lares? "Situações estão controladas"
Revelou a diretora-geral da Saúde, que marcou igualmente presença na conferência de imprensa, que o balanço mais recente relativo à morte de pessoas infetadas com Covid-19 em lares dá conta de 293 óbitos no Norte, 143 no Centro, 147 em Lisboa e Vale do Tejo, seis no Alentejo (falta incluir neste número um óbito que ocorreu depois da meia noite), e cinco no Algarve.
Acrescentou ainda a responsável que, no Norte, há registo "apenas de um lar com surto ativo, com 76 casos confirmados, e todas as pessoas foram testadas. Na zona centro, também temos uma situação ainda ativa, com dimensão muito menor, apenas dois casos confirmados até à data, sendo que surtos anteriores foram dados como controlados".
No Alentejo, "já foram testadas todas as pessoas que tinham de o ser (188) e 102 deram positivo. Algumas estão internadas e há óbitos a lamentar. Lisboa, por ser mais complexa, está em atualização e sexta-feira daremos os números".
Graça Freitas deixou ainda a garantia de que a situação nos lares está a ser "acompanhada" pelas autoridades de saúde.
Limitação das férias a profissionais de saúde?
Questionada relativamente à legalidade da limitação de férias de profissionais de saúde fora do contexto de estado de emergência, Jamila Madeira assegurou que "a questão das férias é vista como essencial pelo Ministério da Saúde, mas estamos no meio de uma pandemia e temos de conseguir conciliar o direito ao descanso com a operacionalização de resposta ao surto".
Revelou ainda a governante que "houve por parte da Administração Regional de Saúde do Alentejo uma suspensão [das férias] até 10 de julho, não mais do que isso, no sentido de assegurar a operacionalização. Da nossa parte, é sempre recomendado que isso seja feito no estrito limite porque o direito ao descanso é crucial".
As críticas de Medina
Depois de Fernando Medina ter dirigido críticas às chefias regionais de saúde, como clarificou esta quarta-feira, considerou Jamila Madeira que "críticas fazem parte da vida democrática e as chefias são aquelas que assumem a responsabilidade como um todo. Os problemas na operação são os que são e tentamos ultrapassá-los. Estamos todos co-solidários com as soluções que vão sendo encontradas".
Considerou ainda a governante que "os resultados têm vicissitudes, como moradas falsas e alteração de moradas, e [esses problemas] são uma realidade que não podemos escamotear por muito bons que sejam os profissionais ou as chefias. [Estes] deparar-se-ão sempre com problemas técnicos, que se vão refletir na evolução dos contactos".
E quanto às críticas de Rui Rio, Jamilda Madeira respondeu de forma perentória: "Se o senhor presidente do PSD revisitar a evolução do conhecimento sobre a pandemia de todas as autoridades internacionais, consegue perceber que, seguindo a DGS as orientações internacionais de maior evidencia epidemiológica, consegue acompanhar a evolução das diferentes posições das entidades".
Acrescentou ainda a secretária de Estado adjunta que "o consenso nacional sobre a necessidade de nos mantermos blindados para a solução do problema não desapareceu".
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[Notícia em atualização]